terça-feira, 21 de julho de 2009

Dia de Amigos é Todos os Dias...

Os Amigos têm o ar calmo
de quem não espera,
de quem conhece o dia.
Os Amigos emitem o aroma
do sol e conspiram suores,
conjuram a sede nos dentes.
Os Amigos são a sombra
de si mesmos, como uma
flor que se dá a colher.

Paulo Acacio Ramos

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Coisas que Um Cão Arraste...




Não estou interessado em falar nem em ouvir falar sobre os companheiros de ninguém,
e não sou nada bom a fingir que estou interessado.
Por isso digo logo que não me interessa.
E não é um Rapaz, é toda e qualquer pessoa que possa estar envolvida emocionalmente
com outra, não faço juízos das relações de ninguém.
Cada um deve seguir, com suas relações, conforme lhe apeteça, a minha opinião é inútil e desnecessária.
Faria juízos de qualquer maneira, assim, para evitá-lo, não falo nem ouço falar e tu,
pessoa adulta e inteligente, devias, supostamente, entender a minha posição.
Não quero falar com ninguém sobre ninguém, nem sobre ti, nem com o Príncipe Carlos
sobre a Camila, nem com ninguém sobre outro alguém com quem tenha uma relação
emocional.
As relações e os comportamentos pertencem a cada um, e ninguém nunca os será capaz
de decifrar...assim sendo, não vale a pena o tempo dispensado a ouvir nem a falar.
A cada dia que passa torno-me niilista no que tange ás emoções de terceiros... sei das minhas
e muito pouco, não posso ajudar a compreender aquilo que nem eu compreendo.
As emoções são como a manteiga, a maioria passa-as em grossas camadas no pão ao pequeno-almoço, engolindo-as a seguir, para passar o resto do dia afrontado, não estou para aí virado. Deixei-me de lamúrias com relação ao que quer que seja, tornei-me ainda mais frio com relação aos dramas da plebe rude. Estou-me a cagar para a Maddie e as crianças desaparecidas em combate, estou-me a cagar para as mães, boas ou más. E as tias que tentam ser mais mães que as próprias e as mulheres que acham que a maternidade é divina, e as divindades que acham
que o feminino é imaculado etc. Estou a deixar-me cada vez mais de conices e paneleirices, coisinhas e detalhes, sub intenções e subtextos.
Adeus Shakespeare e suas Metafóricas Pirocas do Poder, Bem-vindo Genet e suas Objectivas Pirocas Desterradas. Morte à Ciência e à sua falta de Objectividade. Morte à Política e sua inexistente eficácia legalista. Não há mais conhecimento do que havia há 100 anos atrás, foi apenas manipulado para parecer novo, máscaras sociais de um saber em vias de apodrecimento.
Tenho também escrito o meu Diário de Bordo, que pretendo publicar aos 45 anos de idade e que se vai chamar “Cais do Parto” ou “A Importância da Virgindade de Maria Santíssima para a Manutenção dos Lavores Arcaicos dos Países Subdesenvolvidos”. Nietzsche em Pastilhas e Kierkegaard na Veia...
Panaceias Universais como o Alho, o Vinagre e o Limão. Busco Liquefazer o Papa e beber o Sumo Pontífice. Quero roubar todas as flores que são deixadas diariamente no túmulo de Lady Di e depositá-las, descaradamente, no de Madre Teresa de Calcutá. Já que Puta por Puta, prefiro a Santa. E deixar os Urros Ensandecidos da Urbe Asquerosa Morrer nos Ouvidos Como Ecos de Todas as Inúteis Revoluções Humanas, percebes?
C’est comme ça, meinen lieben freunden.
Paulo Acacio Ramos

O Chumbo das Horas




Cai a tarde
de chumbo
sobre si mesma
e só...
lembrei-me
de mandar-te
um beijo,
telepático,
que te guarde,
que te cuide,
que te traga
de onde
quer que estejas!


Paulo Acacio Ramos

Barroco

Os restos cinzentos
do teu, e meu, medo
ainda jaziam chão
quando eu cheguei.
Havia manchas suspeitas
no tapete que pus a lavar.
Os peixes ficaram
estranhamente mudos,
quando me viram,
submersos.
Havia um galo
a cantar por perto
e vizinhas nos varais.
Tirei as naturezas
mortas da parede,
que sorriu timidamente.
Os galos calaram-se,
mas, a conversa dos peixes
não faz o menor sentido!
Paulo Acacio Ramos

Carnavais



Por Agostos sem fim
há um sol que foge
e entram Setembros
de folhas...
Outubros amarelos...
Caminho nas ruas
com o vento nos olhos,
Novembros orvalhos.
Lágrimas turvam
o sangue a correr,
Dezembros em festa.
Promessas de novos
Janeiros.
Promessas demais...
promessas de mais
Carnavais.


Paulo Acacio Ramos

terça-feira, 7 de julho de 2009

Virgem




Quero a palavra
que não quer ser boi
a meio da manada.
Palavra pedra
a partir vidraças
ou pluma
que faça cócegas.
Quero a palavra
faixa de ataque,
caixa de ideias
e de emoções.
Quero a palavra
sol que domine,
lua que alucine.
Quero a palavra
que, virgem,
não conheça língua.


Paulo Acacio Ramos


Retrato de Família

Sorrio
Sempre
Quando
Esbarro
Numa
Memória
Tua
Pelos
Rodapés
Em
Casa.
Levo
Comigo,
Então,
Presenças
Distraídas.
Abro
Portas,
Abro
Portas,
Abro
Portas.

Paulo Acacio Ramos

Retrato de Família, originally uploaded by PauloAcacio.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Imagem

Teu Beijo é um vício.
Teu beijo é o indício
de todos os meus pecados.
É o alimento
de todos os deuses.
Aporta em meu início
com as asas
de um anjo torto.
E eu só desejo
beijar cada palavra
dita por ti.
Beijar cada hora
que tu vês passar.




Paulo Acacio Ramos

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Beheaded Poem


I beheaded a poem

For you... my rhyme

I cleaned its insides

I took off its eyes

For not having to bear

The humidity of the tears

I blew the letters up...

I threw the letters down

I washed the poem clean

I've let the scales dry

So I could do a helmet

To avoid beheading...



Paulo Acacio Ramos



Amava-lhe o corpo

incerto

como quem cheira

invernos

à procura de flores

perfume

numa neve saudade

de primavera

emigrada...




Paulo Acacio Ramos



quarta-feira, 1 de julho de 2009


Quem procuras, não está

quem te busca, já esteve

e eu, dizendo a verdade,

nunca vim a este lugar...


Paulo Acacio Ramos

Cru


Carne Crua

Amor que sua

Amor que soa

Como os sinos

Toque de recolher

Trovões ao longe

Corpo treme

Corpo ecoa

Reflecte sons

E repousa.


Paulo Acacio Ramos

Santa Poesia