Plutão está lá, mas tu não vês, Neptuno também, Urano também…etc.
E não é só por que não vês que não está lá, como o plâncton e as
algas microscópicas, como os vírus que matam sem que se veja, os
vírus estão lá, mesmo que não os estejas a ver. O maior de todos os
medos, é ver escorrer entre os dedos, o último dos nossos medos.
Ninguém vê a quimera, não se toca o sonho, que mesmo que ninguém
veja estará sempre lá… Como uma verdadeira esfinge que observa,
incólume, a queda do teu sonho sobre os ombros das estátuas, teu
sonho transformado em dejectos de pombos, teus sonhos…
Cravos vermelhos aos pés das estátuas de santos nenhuns.
Houve reis, houve rainhas e cabeças a rolar, princípios e fins… e ouro
no corpo de Montezuma, ouro nas jóias da coroa, ouro na pele dos
deuses e nas bolsas dos sacerdotes. O ouro que não se vê, mas que
está lá no fundo das minas, à espera que os homens transformem as
montanhas em crateras.