22.07.11

carro de bois
carro antes
bois depois
dois bois
à frente
gente atrás
a nadar contra
a corrente
a correr
sempre
em frente
carro e bois
a passar a pente
o pasto que
passa entre
os dentes.


PAR -PT

20.07.11

Teseu e o Minotauro


o fio esticado
nas passagens
do labirinto
frio
as paredes 
de papel
as cortinas 
de seda
teias de aranha


um filtro irresistível
que emana
da pele feiticeira
as febres
inacabáveis
delírios de mar
escritura do destino
por decifrar
navegar e perder
o fio à meada...


PAR - PT

Simplesmente Hoje...

Porque HOJE

é o Dia de COMPLETAR

os 48 ANOS de Idade...

... - ... - ...

07.07.11

o corte que não sentes
na carne húmida
é minha língua 
a roubar-te segredos
são minhas unhas
a rasgar-te os medos
é meu corpo
a desenrolar-se na cama
sem vontade
de levantar-me cedo...


PAR - PT

06.07.11

finda a chuva
finda o vulcão
a deitar suas lavas
esvai-se a nuvem
derrete-se a neve
nas encostas
intercalares 
das montanhas
regurgitam-se
as rochas-magmas
nas crateras
no fundo dos
lagos adocicados
lambe-se o sal
do subsolo
finda a chuva
em fluída aflição!


PAR - PT

05.07.11

um poeta
faz da rima
esgrima
de espada-verso
um poeta 
faz o reverso
do nada...


PAR -PT

04.07.11

senhora da
savana
absoluta
soberana
das manchas
que nublam
a tela azul
soberbo
amarelo-ouro
contra o
creme-bege
do horizonte
deusa altiva
dos sons 
dos trovões
guardiã
dos portais
das estrelas.


PAR - PT

03.07.11

Girafas Caminham Distraídas Pela Paisagem Longínqua


Abutres 
Arborícolas
Quadriláteros
Impubescentes
Crustáceos 
Inadequados
Equações
Incorrigíveis
Cefalópodes
Omnipresentes
Paquidermes
Caleidoscópicos
...


(*) Lúcia na Sua com Diamantes


PAR - PT

02.07.11

Paraísos Tropicais


O aborígene está nu...
Ah! Oh!
Podemos vê-lo de norte
a sul.
Podemos contorná-lo
de céu azul.
Devorar-lhe as carnes
com gula.
Canibalizemo-lo!
Antropofagizemo-lo!
Calemo-nos, de boca cheia,
com a nudez
do aborígene.


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01.07.11

sopra-me ao ouvido
um vento mau
conta-me histórias
que não quero lembrar
e os rapazes não verão
chegar o fim da estação
desejo comê-los, aturdidos,
no chão
repartir a chuva que têm
na mão
possuí-los violentamente
e sem autorização
comê-los por todos os furos
assomar 
um descuidado coração
cobrir o tempo
como um alazão
égua no cio, passarinho
com frio
os rapazes fazem como o fogo
e queimam-me o desejo...


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