segunda-feira, 30 de julho de 2012
Saudades Auditivas
Luz Negra
Amy Winehouse
está morta, há um ano,
e eu odeio isso...
Quero ouví-la cantar
ao vivo imediatamente.
Vê-la cantar
com seus trejeitos de
rapariga assustada.
Eu quero só ouví-la cantar.
Quero que ressuscite
e cante para sempre.
Quero ouvir-lhe a voz
rasgada dorida densa...
quero que sua voz
torne-se parte do meu
sangue e circule para
sempre em mim...
PAR - PT
23.07.12
segunda-feira, 23 de julho de 2012
Presença
as flores murcham
à beira do caminho
só para me lembrar
que te amo
os glaciares derretem
lentamente
só para me lembrar
que te amo
um poeta recita
em voz inaudível
um poema novo
só para me lembrar
que te amo
tua nudez desesperada
colou-se tatuada
à pele do espelho
só para me lembrar
que eu te amo
tua voz verbo
de um deus inexistente
reverbera esquecida
nas paredes
só para me lembrar
a Gioconda lança
seu olhar disperso
sobre os japoneses...
PAR - PT
21.07.12
19:19
domingo, 22 de julho de 2012
Um Nove Seis Três
John Fitzgerald Kennedy
foi assassinado em seis três
talvez, por afirmar
que fora "berlinense".
Please, Please me... gritavam
os Beatles enquanto
Sylvia Plath abria o gás
e fechavam-se as portas
em Alcatraz.
Martin Luther King
foi assassinado em seis oito
talvez, por afirmar
que tinha "um sonho" em seis três.
As deusas platinadas do Nilo
em Hollywood
assistem Cleópatra
e Paulo VI torna-se
o mais novo rei-imperador
presidente Cristão.
Malcolm X
foi assassinado em seis cinco
talvez, por afirmar
sua saída da "Nação Islão"
em seis três.
A meio disto tudo
nasce um rapaz
a que se chamou
Paulo Acacio Ramos
no meio exacto de seis três,
a dezoito de Julho.
PAR - PT
18-07-12
Poesia que reúne eventos do ano do nascimento
deste poeta que vos escreve...
Sou historiador e para a História todos os eventos
Sou historiador e para a História todos os eventos
têm a mesma importância na evolução da Humanidade!
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Pérolas e Porcos
Células saliva boca
Partículas amor dois
Montanhas tédio despedida
Vales medo reencontro
Oceanos sabor línguas
Solidão perdão batalhas
Peitos peitos peitos.)
PAR
RIO - BR
1985
*Relíquia recuperada da minha caixa de papéis memoriais...
Incertezas*
Havia alguma grafia
no jeito de mover
e aquilo me excitava
fazia suar
sentia dentro um certo medo...
Havia algum erotismo
nas maneiras
que me preocupava
deixava assustado
colado ao corpo
tatuagem do tempo nas pedras roídas.
Existia certa sensualidade
no abrir das pernas
que me captava
que fazia atender apelos
e eu poeta, qual astronauta,
na janela de um colectivo
a vasculhar o espaço
à procura...
Inútil como um pêssego
sem boca a mordê-lo.
PAR
RIO - BR
1985
*Relíquia recuperada da minha caixa de papéis memoriais...
quinta-feira, 19 de julho de 2012
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Provisório*
de repente
eu me vejo
montado em cometas
cavalgando borboletas
pendurado
em tuas tetas
mas não pense
que isso é medo
quando te aponto
o dedo
quando acordo
mais cedo
quando te impeço
um arremedo
e não ache
que é coragem
quando te nego
passagem
meu cabelo é forragem
de teu ninho
e dormitório
e escrevo o teu nome
nas paredes
de um mictório
não se espante
nem se assanhe
isso é muito
provisório.
PAR
RIO - BR
1982
*Relíquia recuperada da minha caixa de papéis memoriais...
eu me vejo
montado em cometas
cavalgando borboletas
pendurado
em tuas tetas
mas não pense
que isso é medo
quando te aponto
o dedo
quando acordo
mais cedo
quando te impeço
um arremedo
e não ache
que é coragem
quando te nego
passagem
meu cabelo é forragem
de teu ninho
e dormitório
e escrevo o teu nome
nas paredes
de um mictório
não se espante
nem se assanhe
isso é muito
provisório.
PAR
RIO - BR
1982
*Relíquia recuperada da minha caixa de papéis memoriais...
Desejo*
gaivota volta ao ninho
voando contra o sol
mar quebra na praia
bebe do próprio sal
prazer de sentir um filho
brincar com suas mãos
desejo de ter as mãos
à volta do pescoço do filho
veneno nos olhos da abelha
mel na boca da serpente
desejo de ser
prazer de ter
vontade de morrer
desejo de viver
o som da chuva na telha
sorriso de boca sem dentes
aranhas debaixo da saia
a rara fúria animal
arara não é passarinho
o mundo mordeu o anzol
gaivota que foge do ninho
voando rumo ao sol
mar que bate na praia
vomita o próprio sal...
PAR
RIO - BR
1982
*Relíquia recuperada da minha caixa de papéis memoriais...
voando contra o sol
mar quebra na praia
bebe do próprio sal
prazer de sentir um filho
brincar com suas mãos
desejo de ter as mãos
à volta do pescoço do filho
veneno nos olhos da abelha
mel na boca da serpente
desejo de ser
prazer de ter
vontade de morrer
desejo de viver
o som da chuva na telha
sorriso de boca sem dentes
aranhas debaixo da saia
a rara fúria animal
arara não é passarinho
o mundo mordeu o anzol
gaivota que foge do ninho
voando rumo ao sol
mar que bate na praia
vomita o próprio sal...
PAR
RIO - BR
1982
*Relíquia recuperada da minha caixa de papéis memoriais...
quarta-feira, 11 de julho de 2012
A Nudez Feminina não me Atrai...
Um corpo masculino, nu...
É uma revelação divina.
Um sopro angélico.
Tem linhas tenues e retas,
Formas objetivas diretas.
É um ar renovado.
É um mar agitado,
Uma pesquisa visual.
Traz coisas à mente.
É claro, é belo, é corpo.
Não esconde segredos.
Não guarda pudores.
Assume rochoso seus suores.
É pedra de talha,
Cinzel sem falha.
É árvore perene e alta,
De frutos maduros e húmidos.
Oferece seus frutos em cachos,
Com pele lisa e pelos.
Pecados, castigos e costas.
Penas, apêndices e pernas.
Verte seus néctares puros,
Nos nossos calices, bocas.
Tem cheiro de âmbar e vinho.
Tem marcas do tempo e da luta.
Tem aberturas secretas,
Por onde se penetra seus vales.
Líquidos mornos e densos.
Músculos graves e tensos.
Hálito, vento e vulcão.
Tocar-lhe as fontes escondidas,
Tirar-lhe o leite e o sumo.
É como um sacerdócio febril.
Um corpo masculino, nu...
É uma dádiva dos deuses.
De um corpo feminino, nu...
Nada posso dizer, além
de que não me enche os olhos.
PAR - PT
* mais uma vez, provocado pelo tema de um concurso de poesias.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
04.07.12
Claricecília Meirelispector ou
Entre Cila e Caribdes
redemoinho das letras
canto redondo
de monstros marinhos
bocas absorventes
bocas arreganhadas
a recitar seus versos
a redizer seus textos
evitar um perigo para
cair em outro ainda maior
nada abranda as ondas
do mar criativo
de Clarice nem do
furacão de Cecília
uma de versos em
quase música a
outra de escritas
densas em fibras
tensas como a tessitura
dos pergaminhos...
a barata descascada
expele o branco alimento
mas não consigo entender
ainda qual é o melhor:
se é Claricisto
ou Cecíliaquilo...
PAR - PT
* Homenagem a Duas Grandes Escritoras Brasileiras, provocado pelo tema de um concurso de poesias.
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