Deitei minhas feridas
sobre a mesa
e pus e gangrena e dor
pus os pratos e os talheres
e cortes e torniquetes
estanquei o sangue
deitei pus pelas feridas
abri as cicatrizes ao ar
e me doí profundamente
cortei alguns pulsos
e ouvi bater à porta
ritmo certo
harmonia perfeita
batida de samba
deitei-me sobre o sangue
jorrei pus e saliva
deixei-me digerir
por mim mesmo
até coagular-me.
PAR Junho 2016