quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

17.02.2010

procuro a razão
em cada beijo
cada ponto
no risco do entalhe
procuro a razão
mais simples (e tácita)
das coisas
um relógio desgovernado
a luz filtrada nas treliças
mas não há
não está lá
no nariz
no canto dos olhos
pontas dos dedos
procuro a razão
para esquecer
tua voz nas paredes
a maresia de ti
em mim
oceano-silêncio
chovo-me desconcertado
a trovejar carícias
sobre teu peito
trovão em teu peito
corisco sem rumo
tambor arrítmico
em teu peito
eu que chovo
sobre teu peito
em desconcerto
de percussão
procuro a razão
em teu peito
e quando a festa pára
o silêncio explode em mim
e o mundo calado
diz-me tudo
que nunca quis saber
a cor escorre
sem vontade
e o negro faz-se
branco pela metade...

Paulo Ramos - Trofa - Portugal

Sem comentários:

Santa Poesia