sábado, 15 de janeiro de 2005

As Obras e as Sanitas

Muito amiúde surge-me uma interrogação na mente, mas antes de considerá-la, talvez devesse pedir a alguém que me definisse o que é “arte” e muito provavelmente chegar a seguinte conclusão:
A Arte é uma forma comunicacional do homem, sendo, portanto, desta maneira, desde sempre relacionada com a mística, a crença e o fascínio de criar o belo e o impossível.
Então, como não se espantar frente a um amontoado de lixo ou ferro-velho que nos são dados para considerá-los obras de arte???
Não se terá, por princípio, vandalizado a palavra arte?
Será a Arte uma maneira de “estar”??? Uma moda??? Quiçá uma tendência???

Vejamos: da Vinci e todos os outros renascentistas expressavam-se por retratos de figuras de época, ricamente vestidas, em episódios bíblicos ou mitológicos, inspirados no dia a dia de suas vidas.
Picasso expressou-se pelo Cubismo, Dali pelo Surrealismo, Monet pelo Impressionismo e Van Gogh pelo Expressionismo, porém todos estes pintores e períodos tiveram algo em comum, permitem uma leitura facilmente decodificada das mensagens por eles expressas.

Já uma bilha de gás enferrujada, um monte de sacos empilhados, mesmo uma sanita velha e em deterioração, ainda uma tela violentamente retalhada, deve-se hoje, considerar como obra de arte!!!???

Afirmo, positivamente, que a realidade e a violência dos nossos dias, o consumismo e o exagero, estão todos, à sua maneira, retractados nestes objectos. Sendo, então, possível concluir que estes objectos são a comunicação exacta entre o criador e o público, que todos os objectos comuns, por consequência, têm seu implícito valor artístico.

Desta maneira – se vão ser esses mesmos objectos valorizados e estimados como belos e/ou como Arte, meus caros, isso é um outro assunto a discutir – deixo a vosso critério, julgar o feio e o belo, pois que tudo é deveras subjectivo!!!

Sem comentários:

Santa Poesia