quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Divina Ave Que é Nave















Houve uma vez 
Um deus.  
Podia fazer 
Tempestades grandes 
E jogar mundos 
Para o esquecimento.  
Seu desejo era realidade.  
O fogo das profundidades 
E o centro dos furacões
Eram seus como são 
Os cometas no céu. 


Deixou um dia 
Recair sua ira 
Sobre os homens 
E os lugares 
Onde tivessem estado.  


Foram tantos danos 
Que somente um pássaro 
E dois caracóis ficaram.  


O pássaro tinha consciência 
Que não era um deus 
E os caracóis não gracejariam 
Sobre algo assim absurdo.  


O pássaro, um dia, cagou 
No ombro do deus.  
Que era divino demais 
Para perceber.  


Era um deus.  
Ainda que tivesse 
Merda sobre ele, 
Embora sentisse,
Ao longe, um cheiro
Exterior à sua divindade.


Como deus que se preza
Sempre gostara  
De lugares públicos 
E odores estranhos 
Dos corpos alheios
Em missas dominicanas…
Em claustros solitários…
Em assembleias da república… 
Em reuniões catedráticas.


PAR - PT

1 comentário:

____ disse...

Olha que Deus na praça
Soa bem perto de desgraça
Deus em missa dominicana
Sempre esconde uma vontade sacana

A que o sujou, prefiro a ave
Há de haver mais um nesse nave

Santa Poesia