quarta-feira, 5 de janeiro de 2005

Intestinos

A pele
Depauperada
Das faces
Das actrizes
Das novelas
Coberta de cremes
E outras coisas
Lembra-me
As margens dos rios
Lembra-me a lama
Nas margens dos rios
Tudo naquelas peles
Sabe-me ao leite
Dos vermes
Sabe-me às rugas
Nas peles dos vermes
Anéis de noivado
Cartas secretas
Aquelas peles
Flácidas das faces
Das actrizes
São como as memórias
Dos tempos felizes
Estão e ninguém
As vê…
São subtítulos
Que ninguém lê
Nasci no vale
Do rio ave
Ave que não
Alça voo
Ave que não
Põe ovo
Que cheira
A ovo podre
Ave que foi
Água clara
E hoje é tinta e cloro
Ave que já foi banho
E agora é lama
E unto e cremes
Ave que lavava
Os olhos
E fez-se depósito
De lágrimas
Dejectos e ferro-velho
Actrizes reformadas
Novelas incompreensíveis.

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Santa Poesia