Terá ele estado ao pé de mim?
Porque adormeci
A pensar nele?
Se pelo menos soubesse que sonhava,
Nunca teria acordado.
Acho que em meus sonhos
Seremos capazes de nos encontrar…
Mexo o travesseiro
Para lá e para cá na cama, completamente
Incapaz de dormir.
O cheiro dele flutua no quarto
Aporta em meus pelos
Fica colado aos meus órgãos…
O cheiro dele penetra-me
Invade meu nariz…
Ouço ao longe
O som dos seus órgãos
A produzir líquidos
Humores densos
Recordo o eco de sua ejaculação.
Gemo em eco aos gemidos dele
Grito meus orgasmos
Sobre o corpo dele
Deito-me quieto e sem ar
Sobre sua púbis.
Jorro sobre o lugar vazio na cama
Meus desejos mais vorazes
E agarro o travesseiro
Como se fosse seu corpo
Beijo o travesseiro e adormeço
Sinto em mim seu abraço
À minha volta seus braços
Que não estão lá
Mas que me prendem como as tenazes.
Pela manhã, quando ele sai…
Todo bonito para trabalhar
Eu viro meu corpo
Para o lado da cama em que ele
Deixou seu cheiro e a voz dele
Que ainda diz que me ama.
1 comentário:
Quando comecei a ler teu texto, pensei logo:
"Todo dia ela faz tudo sempre igual
Me sacode às seis horas da manhã
E sorri um sorriso pontual
E me beija com a boca de hortelã..." (Chico Buarque - Cotidiano)
Logo caí em mim, e continuei lendo este texto visceral, forte e as imagens simplesmente brotavam em minha cabeça... Parabéns!
Abraços
Ana Letícia
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