Léxico das Palavras Perplexas
Amigo – é aquele que sempre se lembra da última coisa que disseste quando a conversa havia sido interrompida anos antes.
Beleza – é uma fotografia que tiraste com os olhos e guardaste no álbum da memória.
Cultura – é tudo aquilo o que era branco, é tudo aquilo o que era preto, é tudo aquilo o que agora é cinza.
Deus – é sempre, em qualquer situação, ou fé, o colectivo de culpa.
Essência – é o que tiras, com a língua, da pele do ser amado.
Fantasia – é o acto de acreditar que outrem realizará os teus sonhos.
Gesto – é um gato a lamber o pelo.
História – é o que foi mesmo, o resto é histórias.
Intensidade – é o grau de enjoo, que o perfume de outrem te provoca, dentro do elevador.
Jogo – é bola atirada à cara dos que têm cartas escondidas na manga.
Labirinto – é o caminho que nos leva do berço à cova.
Morte – é o momento absoluto de consciência.
Normal – é ser chamado de anormal.
Objectividade – é uma mãe dizer ao filho que ele jamais deveria ter nascido.
Plenitude – é saber-se inteiramente só, no meio da multidão.
Quantidade – é aquilo que falta ao que nos foi dado.
Revolução – é o deslocamento de ar, que se transforma em tufão, provocado pelo movimento da multidão.
Sabedoria – é conhecer as próprias urgências.
Terra – é o chão que pisas, no país que moras, do planeta que habitas, no universo que ignoras.
Usar – é manipular até que perca o sentido.
Viver – é sentir todas as necessidades fisiológicas.
Xenofobia – é o medo que um estranho nos tire, aquilo que nós tiramos aos outros.
Zelo – é despentear-se todos os dias da mesma maneira.
...a caminho: Léxico das Palavras Tóxicas...
PAR – PT
1 comentário:
Várias similaridades, meu caro.
Enviar um comentário