terça-feira, 7 de dezembro de 2010

07.12.2010


















medir forças
medir distâncias
tomar providências desmedidas
votar em quem não se acredita
voltar sempre ao mesmo assunto
voltar e olhar no espelho
medir rugas
medir dores
contar as lágrimas
descontar sorrisos
anotar milhares de expressões
desconhecidas a escorrer do nariz
a acumular-se nos cantos
dos olhos
contornos líricos
dramas que apodrecem
no chão dos parques
mentiras que guardamos nos ouvidos
porque nos fazem felizes
por breves segundos a vida inteira
passarinhos que libertamos
o desejo montado num camelo
vai à frente
a abrir caminho no deserto
a deixar pegadas no incerto
a cuspir na cara
daqueles que não saiam
da frente
a cuspir na cara
de quase toda a gente!

PAR - PT

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Santa Poesia