Nosso velho amigo Pénis não é mais o signo de poder patriarcal, tampouco continua a ser o sonho da semiótica da descentralização, que, seja lá como for, diluiu-se na ideologia do Falo; nosso velho amigo é, agora, pós moderno e faz-se o signo emblemático da doença, decadência e desperdício. Estamos a atirá-lo à fogueira, a caminho do fim do mundo. E já não era sem tempo! Pois que em todas as novas tecnologias sexuais, que contemporaneamente fazem possível um sexo sem secreções (telefones, Internet, D.V.D., engenharia genética), em todas estas tecnologias, o Pénis, tanto como apêndice ou como ideologia, perdeu sua força – já não come ninguém – tornando-se uma imagem residual. Sobretudo na visão dos requisitos de nossas sociedades temáticas. Previsível?! O corpo masculino tem sido, sempre, objecto privilegiado e efectivo da colonização psicanalítica bifurcada: a psicanálise do receptivo, pelo princípio do não reconhecimento, onde o espelho partido reflecte o jovem burguês em substituição á ilusão da unidade substancial, fornecido por um fictício, abstracto Ego, como identidade concreta; depois ao nível do social, onde a ideologia interpela indivíduos como sujeitos. Pode isto dever-se a que a Pós-Modernidade seja uma sedimentação da subjectividade, ou seja, a constituição do ser masculino como uma sobre imagem da problematização moral do prazer e dos procedimentos confessionais.
Agora, que já fomos além dos momentos primordiais do sexo, além do sexo enquanto natural e enquanto discurso. Que vamos em direcção ao sexo enquanto fascinação, sempre que este seja sexo despreocupado, de descarga. Um sexo paródia, que vai além da sexualidade psicanalítica e do poder do excesso; que passa dos “cuidados pessoais” ao “frenesi”, que passa do “buscar prazer” ao “problema moral” do sujeito em relação ao seu comportamento sexual e a escorregar para um quê de tosco e decadente. Não nostálgico por uma estética da existência do hoje ou por uma hermenêutica do desejo. (Estes estão ultrapassados!!! E quem se preocupa com isso???) Sexo paródia na sua expedição de uma “desregrada” recusa de actividade. Sem a coerência do sujeito ético (que nunca motivou ninguém, excepto numa imitação do momento da morte psicológica ou filosófica), mas, com a excitação até ao nível tóxico, numa alegoria sumptuosa da perda e do excesso orgástico. Um sexo não produtivo. Um sexo cada vez mais improdutivo, sem secreções, como lugar da morte da sedução, como algo que faz do próprio sexo algo de aceitável na condição pós-moderna.
PAR - PT
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