domingo, 20 de novembro de 2011

Não sei o que dizer...



Há coisas que não entendo e me entristecem...


O facto de ir visitar o meu amigo O Símbolo e ele não estar mais por lá...


Pior é saber que não cheguei a tempo de ler o FIM.


Triste e triste e triste.



sexta-feira, 18 de novembro de 2011

18.11.11


Rodapés e Corrimãos

Deixas-me os nervos
em franja.
dás-me febres
que não curam!
Bebo água à tua procura,
corro rios,
engulo lagos,
empapado em tua ausência.
Não há verdades
em absoluto…
Há momentos parados
no tempo,
em que bastam doces
mentiras
e bolos enormes.
(com coberturas açucaradas)
E beijos que não
fazem trepidar
ou sentir calafrios.
Depois canja
Que não quero comer.
Tu dizes:
- “Come que te faz bem!”
Uma colher à boca
e cuspo.
E tu: - “Come que faz-te bem!”
Mastigar, mastigar…
Não consigo engolir.
É tudo pó e gelatina.
Não consigo comer,
mesmo que me faça bem!
E tu: não dizes nada
Em tua defesa
Sorris, apenas,
Com essa tua boca
Repleta de dentes;
coroas, jaquetas…
o esmalte a ser corroído
lentamente
por um tártaro de nicotina!
E tu sorris, simplesmente.
O gato nem nota a tua
Presença, absorto
Em lambidas ao pelo.
As unhas cravadas
Na carne, a rasgar
Cortinas, a fazer de mim
Um amontoado de farrapos.
Juntei os restos
e mudei de país.
Andei contra o sol
por noites sem fim.
Fugia dos teus silêncios
e tu sorrias,
condescendente,
no calar da aurora.
Meus dias varriam-se
no chão das folhas,
afagavam teus cabelos,
a sonhar, a sonhar
e a sonhar
com teu fígado de cebolada.
Os olhos não viam
o que o tempo deixara
de contar
aos ouvidos
sobre as últimas notícias
das ruas de Tegucigalpa…
ouvia-se, apenas, ao longe
o sussurro das beatas,
a voz das loucas;
(insana nas alturas)
Os vitrais, em vibração,
a partir-se
em mil visões
caleidoscópicas
e os santos
a retornarem ao pó…
(suas imagens cobertas de pó)
Os santos queimados
em fogueiras vaidosas.
Os santos cravados
na pedra (crivados de setas…)
e deus sorri nas alturas. (hossana)
como um predador
de emboscada.
Deus adormeceu em sua gruta.
Deus é só mais um
dos animais selvagens
que habitam tua saudade.
Assim, toda esta
constatação de inexistência,
tira-me
completamente
a vontade de comer.
A febre já não aquece
mas está lá
nas pernas e nas têmporas.
Como um beijo
de que não se esquece!
Dez minutos depois
teu sorriso
entrou em modo de descanso.
Teus lábios
a trocar de cor
a transmutarem-se
asas de morcego.
Teus lábios
esconjurados (feitiçaria)
a verter o leite chorado.
A mudança de tons
da pele exposta
é a prova irrefutável
(magia negra)
do efeito dos raios gama
sobre as margaridas do campo.
Tu comes a sopa toda,
e o som da tua digestão
arrepia-me,
dá-me ânsias.
Faz-me ficar azul…
(como as paredes da casa de banho)
E distraído
como um garoto
que devora a televisão
e engole super-heróis.

PAR - PT

sábado, 12 de novembro de 2011

12.11.11


Observar Estrelas

Oprah nunca veio
à minha festa de anos
possivelmente
estava sempre ocupada
ou simplesmente
por desconhecer
a minha existência
ou, ainda, e mais
provavelmente
por nunca ter sido
convidada...

PAR - PT

Stargaze

Oprah never came
to my birthday party
possibly
was always busy
or simply
for ignoring
my existence
or, even, and more
probably
never having been
invited ...

PAR - PT

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

11.11.11



Crateras


depois da noite verde
ficou um cheiro
indelével na pele
que não sai
dos olhos e azeda
as lágrimas
lua lavada
escorrida de céu
lua reflexo
esparramada na
pele do lago
depois daquela 
noite tão vermelha
a boca aberta
absorve nuvens
galhos de árvores
namorados
a noite amarela
ainda vomitava
conversas murmuradas
enquanto adormecíamos.


PAR - PT

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Num poema do Geraldo!!!


meu coração diz: pára!
quando o teu bate à porta
e dispara em fuga
eterna brincadeira de esconder...

PAR - PT 
10.11.2011
15:37 h

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

07.11.11


Folhas

A bola
Abala
A bela
Estrutura
Da bula
Que diz
Como
Limpar
A bílis
Com um
Bule
De chá
Camomila
Embola
No verniz
Da mobília
Tons mórbidos
Na madeira
Burilada
A serra
Deita
Por terra
Árvores
Ninhos
Filhotes
De passarinhos…

PAR – PT

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

02.11.11


Decote

a estrutura abalada
dos sonhos
que se repetem
morte após noite
olhos que flutuam
sobre o fiel da balança
na ponta da agulha
de uma desgovernada
rosa-dos-ventos
a construção demolida
da fé
a escorrer como a cera
as lágrimas
e a máscara
que cobriam a face
da actriz
que chora e chove
sobre o palco
descortinado
as cortinas que caem
em avalanche
e fecham-se
rapidamente
à frente do silicone
da moça
na primeira fila.

PAR - PT

terça-feira, 1 de novembro de 2011

01.11.11


Todos os Santos

amoramei amartessempre
acordormi pesassonhando
beijuntos camadeitados
eassim prassempre ficarmos
olhartassim tedevorar 
amoramarei amartessempre
amordaçado amortecido
deamorango cortarrodelas
comosolhos comquete como
comotecomo comotecomo

PAR - PT

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

31.10.11


Terminal

eu quero o zero
o pouco nada
quase vazio
reflexo inerte
na poça rasa
da íris possessa
rigor mortis
do ponto cego
no fundo do olho.

domingo, 30 de outubro de 2011

30.10.11


Que é que tem o mar?

O mar não se ouve,
o mar bebe-se com os ouvidos...
Tragamos mudos o mar que brame.
No mar sentimo-nos meio-peixe...
meio-feto!
Somos ovo
amniótico
no útero da outra que nos pariu.

PAR - PT

sábado, 29 de outubro de 2011

Cebola e Alho



a angustia adiciona
bom gosto 
a qualquer desgraça...


PAR - PT

29.10.11



Bestiário


Arde a língua
Com picadelas
Como quem comeu
Formigas…
Eu não quero falar
Sobre isso ou aquilo
Que te sai
Desenfreadamente
Da boca incendiada
Dragão doméstico
Alforrecas
Cactos
Histaminas no ar 
Do Outono
O cheiro das descobertas
A invadir os narizes
Indígenas
E os frutos das terras
Novas
A desflorarem-se
A dar seu toque
Ázimo
Às moribundas Europas.


PAR – PT

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Avenças



Não há só seres humanos maus, 
também há os muito maus, os 
péssimos, os horríveis, e podres.
Ah, há, também, aqueles que não 
fodem nem saem de cima, os
bonzinhos, esses são os piores!


PAR - PT

Avesso





queria só ver-te ao longe
________ mas não sei...
queria saber-te ao perto
mas não vens_________!?


PAR - PT

28.10.11



Claustro


Lábio sem saída…
Sem saber para onde
Ir, depois da despedida!
Marca na pele.
Beijo despencado.
Pancada, mordida!
Não sei se te quero
Nem sei onde estou.
Sangue perdido em 
Aurículas…
Mistério que corre na
Rede das artérias.
As pontas dos dedos
A arrepiar paredes
De anti-matéria! (?)
Tantos corredores sem
Direcção; placas
De contra a mão,
Etiquetas.
Não sei o que faço
Nem sei onde vou.
Tantas janelas e
Treliças e gelosias.
Os pensamentos
Entrelaçados na espuma
Do mar que brame
Em ecos nas conchas
Adormecidas.
Não sei se ainda lembro
Daquilo que não sei
Das coisas mais esquecidas.


PAR – PT

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

27.10.11




Acrópole


Abrias o azul
Com teu olhar nublado
Eram raios e outras coisas
Que a ninguém 
Lembraria saber
E por pouco
Não escorria da boca
Dos que não diziam
Seus desejos…
Apenas três
E mais nenhum
Como se cada
Um fosse uma ideia
Genial.
Um grito nos telhados
Da cidade
Um grito que não é eco
Um grito de fúria
E prazer
A cortar as nuvens
Como uma vagina,
Uma chuva de tesouras.
E tu abrias o azul
Com teu olhar.
Deixavas o azul
Fazer-se branco
E cinza vestido de negro.
A cidade 
Escanzelada
Bebia teu sangue
E cuspia nuvens
Pelas chaminés
À espera que abrisses
O azul
Com o teu olhar.


PAR - PT

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Qual é a Previsão do Tempo para Amanhã?


E os trens? 
Os Trens, que já não param e não levam, e os trens? 
Os trens, onde estão os trens 
que outrora soavam na aurora destas estações?
Parece que há um prenúncio de chuva...
Os trens de névoa a vaporizar nuvens, os trens, 
para onde foram os trens, os pinguins e as girafas?

PAR - PT

26.10.11


Visão

Não era especial
Em nada
Mas tinha esse gosto
Pessoal
De arrancar
Os olhos às moscas.

As moscas
Por seu lado
Não viam razões
Aceitáveis
Para a execução de tal.

Nada tinha de especial
Nem falador
Nem traquinas
Mas era exímio
Na execução cirúrgica
Da remoção ocular
De insectos 
Dípteros.

PAR - PT

terça-feira, 25 de outubro de 2011

25.10.11


Evento

Quem abre a porta
Não está à espera
De ver a face
De quem vem
De trás
As facadas
Desferidas no ventre
As entranhas
Desfraldadas
Vento que chia
Nas frestas…
Quem abre a porta
Não está à espera
De ter a face
Lambida
Pelo vento
O cheiro das samambaias
A passar
Por baixo da porta
As dobradiças
Abafadas
Pelo ranger
Das roupas que secam
Quem abre a porta
Não está à espera
De levar com a porta
Na cara.

PAR - PT

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Estes Dois


Geraldo e Símbolo

Vocês são a razão do meu eterno retorno.
Vocês alimentam minha vontade de seguir.
Vocês dão alento à minha escrita distraída...

Obrigado por estarem sempre aí e quererem ler.

Abraços!!! Beijos!!! Acima de Tudo Amor.

PAR - PT

24.10.11


Vegetariana

Não, minha amiga,
não é nada disso;
as vacas são bucólicas
e não bulímicas...

PAR - PT

domingo, 23 de outubro de 2011

23.10.11


Princesa

Irreflectido pensamento
Que dobra o momento
Angular das tuas pálpebras
O espelho a engolir
Teus olhos lacrimosos
Cristais pingados
Na pele de prata
Filigrana das pontas dos dedos
Medo de gozo e desejo
Não sei quem sonhou
Teus desertos
Mas matou com oásis
A sede do mar
Vértice angustiado
No polígono das emoções
Coração que dorme
Acabrunhado
Nos calabouços da torre
Das ironias afoitas.

PAR - PT

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

26.09.11



Cristal

Dança corpo
semimorto
neste entrudo
percussivo
abstracção do
abstracto
desconstruído
dói um corpo
que não sustenta
o arco celeste
em seus ombros
pescoço que estala
espalham-se
no chão
as vértebras
manhã clara
de quarta-feira
de cinzas.
Não sabemos bem
de onde, ou quando, 
mas há de vir
de algum lugar
a vaga que levará
os restos dos
pesadelos, e
dos farrapos, e
dos grilhões da
esperança, a 
qualquer momento, 
em edição especial,
ou em programação
normal com o melhor
do Carnaval.



PAR - PT

sábado, 24 de setembro de 2011

24.09.11



Abissal


um pesadelo
dá-me um pesadelo
que tenho sede
de oceanos
de fogo
a lamber a beira
dos lábios fulvos.


PAR - PT

terça-feira, 20 de setembro de 2011

20.09.11



ontem vi borboletas
eram livres e estavam
presas à memória
quando me sentar
convosco à mesa
hei de vos contar tal história
de borboletas que voam livres
na gaiola da minha memória
sob o sol do dia
que nossos corpos percorria (?)
andamos à sombra
chaves que abrem corpos
e deixa pronto o tom
do tempo (!)
esquecer de propósito
os outros corpos
enterrados no alcatrão
e cobertos de cimento
raio-X de paredes
do estômago e técnicas
invasivas de investigação (...)
escutas médico-telefónicas
litros de sangue nos pequenos
tubos de cristal
rastreios e relatórios
que só dizem o já sabido (:)
todos, um dia, deixaremos
de estar... deixaremos de ser
seremos apenas borboletas
na gaiola das lembranças
fotografias digitalizadas
em alta definição
que ninguém mais vê
porque não se lembra
onde guardou o DVD...


PAR - PT

domingo, 18 de setembro de 2011

18.09.11



mal-ditos


diz-me com quem nadas
e te direi convés...
diz-me com quem andas
e te direi com pés...
diz-me em quem mandas
e te direi quem és.


PAR - PT

sábado, 17 de setembro de 2011

pássaros



O que amo nos pássaros

não é a habilidade de

voar,mas...

a capacidade que têm

de pousar.


comentário feito por mim a uma fotografia de um poeta amigo.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

16.09.11



partiu-se a haste
perdeu-se o lastro
foi-se o mastro
erguido em caravela
foi vento e popa
em busca da descoberta
de ilha em ilha
a remexer escolhos
percorrer como lágrima
na linha do espelho
sem âncora
sem remo e sem vela
e brisa que não enfuna
incêndio em alto-mar
carinho de redemoinho
marés incertas
três Marias de cada porto
moreias raias barracudas
mar calmo mar morto
sereia calada
saudade colada ao peito
pérola barroca
mar salivado no canto
da boca...


PAR - PT

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

15.09.11



ao invés de me
achincalhar
convença o dinossauro
que habita
a sua cabeça
a mudar de planeta...


PAR - PT

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

14.09.11



Lanterninha

O que revela
Tanta fita
Tanta tela
Uma tarde uma bela
Um último tango
Um último imperador
Um império dos sentidos
Câmaras lentas
A lamber paisagens
Grandes planos
Psicoses e Pássaros
Caçadores de Andróides
Aliens e Interiores 
Deuses e Monstros
Um banho de mar
Um banho de sangue
Toda a nudez
Bonitinha mas ordinária
Guerras de sexos
Amores de guerra
Luta luto
Tempos modernos
Morangos silvestres
Gato puta
8 ½ Decamerão
Penumbras de sombras
Nos olhos
Tela que queima
Vento que tudo levou
Murros e beijos
Imagens em movimento
Barbarella Emmanuelle
Cinderela.

PAR - PT

terça-feira, 13 de setembro de 2011

13.09.11



Lentamente
Os corpos movem-se
Uns sobre os outros
Voláteis e vítreos
Os corpos sedentos
Uns dos outros
Partem dedos
Deduzem carícias
Os corpos carimbam-se
Uns nos outros
Com bocas ávidas
Áridos beijos
Barrigas vibráteis
Liricamente
Os corpos esquecem-se
Das plumas
Que deitam sobre eles
As mãos dos poetas
Os corpos não se importam
Se há versos
Os corpos não corrigem
As rimas imperfeitas
Os corpos só sabem
Uns dos outros
Flácidos e lânguidos
Os corpos movem-se
Uns sobre os outros.

PAR - PT

Dedicado ao Dante Pincelli O Velho, ao Marcelo Asth, ao Thiago Cervan, ao Joaquim Cardoso DiasGeraldo Sant Anna, a O Símbolo e a Bruna Lombardi... Poetas, Vivos, que amo e leio e amo.

Santa Poesia