segunda-feira, 7 de março de 2011

07.03.11


O sol penetrou pelas esquadrias alumínicas da sala de espera e sorrateiro tocou a pele da menina.
Talvez por estranheza ou despreparo ela mexeu-se, incômoda,
abafava-se no calor da sala de espera.
Em dicotômica espera, a esperar para eliminar, era preciso eliminar a possibilidade de esperar e para isso há que desenvolver uma paciência halterofilística...
Em pé na calçada, fumando uma hora de espera, e ele demorava, talvez nem viesse, quem dera ele nem existisse, talvez...
Ele era impaciente, de carinhos telegráficos, frases de telegrama, a barba arranahva o pescoço, ele afoito em cima a arfar pesado, mãos grandes e fortes, ela ficava segura e violentada em seus braços, ele a tinha toda, possuía-a rápido como tivesse medo de morrer antes do fim.
Entrou no consultório, deitou-se exame, sangue e urina... esperou três dias por um resultado... positivo... positivo... pensou em tirar, pensou em pensar.
Esperou a cabeça para de rodar, esperou o corpo arredondar, esperou o tempo passar.
As dores vieram dilatadas, deixaram passar e foram-se...
Esperou mamar, esperou que todos saíssem, esperou a queda livre terminar... não esperou muito pela escuridão.
Sobre a mesa, só, um bilhete esperava alguém chegar:
"Pai, cuide, o melhor que puder, do nosso filho...
Um beijo
Tua filha"

PAR - PT

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Santa Poesia