quarta-feira, 30 de março de 2011

30.03.11



A verdade nua e crua não está lá! 
A mentira fria e dura não está lá! 
Mesmo que estivessem não as vias, 
pois são diáfanas, abstratas. 


A verdade e a mentira são irmãs 
gémeas siamesas impalpáveis. 
Como impalpáveis são os perfumes 
das flores que não viste, os suores 
dos corpos que não tocaste, 
as lembranças da inocência que perdeste! 


Toda a noite um nevoeiro confundiu a luz 
das estrelas que sabemos que não estão lá, 
mas vemos da mesma maneira, 
vemos a luz do passado das estrelas, 
vemos aquilo que já foi uma estrela, 
mas a manhã está desobstruída. 


Um langor de domingo recobre, ainda, 
meu corpo, na capela da aldeia, 
a missa da anunciação não terminou ainda. 


Eu saio ao jardim. 
Como é pequeno tudo: 
a casa e o fumo, ondulando acima do telhado! 
O vapor congela-se em pratas rosados. 
Suas colunas levantam-se atrás das casas 
até o arco do céu, como as asas de anjos gigantes...


PAR - PT

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Santa Poesia