terça-feira, 4 de maio de 2010

04.05.2010


























Abaixo-assassinado


De repente perco o equilíbrio
E sou um objecto caído no solo,
Sou objecto de desordem,
Sou objecto de burla,
Sou objecto de prazer,
Sou objecto de riso,
Sou objecto de análises,
Sou objecto de mira,
Sou objecto perdido,
Sou objecto subjectivo,
Sou objecto objector,
Sou objecto de desejo,
Sou objecto de crítica,
Sou objecto de estudo,
Sou objecto não identificado,
Sou objecto da polícia,
Sou objecto de piedade,
Sou objecto de ternura,
Sou objecto de nostalgia,
Sou objecto de maldade,
Sou objecto sem gravidade,
Sou objecto de rumores,
Sou objecto de prejuízos,
Sou objecto de traições,
Sou objecto de medida,
Sou objecto dos olhares dos outros,
Sou objecto de desordem...

De repente eu me deixo ser
E sou um ser que flutua nas nuvens,
Sou ser benigno,
Sou ser indigno,
Sou ser impuro,
Sou ser casmurro,
Sou ser divino,
Sou ser volátil,
Sou ser subtil,
Sou ser de encontros,
Sou ser de mim mesmo,
Sou ser dos outros,
Sou ser de fibra,
Sou ser de caranguejo,
Sou ser que mata,
Sou ser que monta,
Sou ser que mostra,
Sou ser que muda,
Sou ser objecto.

Sou objecto do ser.

PAR - Trofa - Portugal

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