sábado, 27 de agosto de 2011

27.08.11



O Luar nos Olhos de Paulo

os olhos, sempre os olhos,
aos pares ou aos molhos
tão húmidos os olhos.

os olhos que por vezes abertos
são tão cegos que só vêem a luz
e se esquecem da sombra
e seus mistérios

que se aquecem na sombra dos cílios
e na espera do brilho dos outros.

e que como espelhos reflectem
a nossa existência

olhos de fêmea a desprezar o que têm
olhos de macho a desejar o que vêem.

olhos trocados como os amores
olhos pecaminosos
olhos que cobiçam
olhos que choram

cegos como as paixões

olhos que no fundo apenas pensam
que conseguem ver

obscuros como os perdões

e no fim
o que vê

perdidos por ter um Labirinto
no fim do fio
olhos que derretem como asas
de Ícaro ao sol pungente
olhos lâmina fria

olhos de prata
olhos de lua
olhos salgados
olhos de mar

olho solitário do Adamastor
olho de cabo sem esperança
olho que tropeça na contra-dança.
pausa

olho que para a pedido de outrém

olho em pausa no rodar da cassete...

olho que se vomita sobre a beleza vista.

olhos que escapam
aos olhos
olhos tímidos
que fogem
por vezes quase perdidos
olhos que também se fecham…

Raúl Ramos e Paulo Ramos a 4 mãos

3 comentários:

Luar disse...

olhos que sorriem...
(obrigado!)

____ disse...

Nem uma, nem outra. Havia a imagem de um trigal na postagem

o choro da formiga disse...

paixão é labirinto.

Santa Poesia