quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

12.01.11





Entradas e Bandeiras


por esta porta passa o barco que aporta
por aqui perto passa a mão que aperta
por outro porto passa o vento que aparta
alguém que parta e nunca mais volte
alguém que siga e nada mais diga
alguém que surja e nunca mais fuja
cada passo dado não pode ser retornado
cada pé no caminho não pode andar sozinho
cada dor infligida não pode ser esquecida
cabeças cortadas pedras polidas
bruxas queimadas santas imoladas
num auto de fé palavras impróprias
num acto de amor palavras impensadas
num corte de pulsos sangria desatada
a mente vazia vagueia perdida
por nuvens cinzentas de espaços sem fim.


PAR - PT

2 comentários:

Marcos Burian (Buriol) disse...

Espaços, sem fim.

Assim está sendo a vida deste Noiado.

Será que um dia isso passa?


Enquanto averiguo isso, deleito-me em ler as tuas poesias, meu caro.

Paulo Ramos disse...

Os Rios passam, o tempo passa, as coisas e suas origens, e consequências, passam por nós e por todos tão lentamente velozes que não as percebemos...

É assim... deleito-me no teu deleite, meu querido!

Santa Poesia