Ernest Miller Hemingway
21 de Julho de 1899 a 02 de Julho de 1961
(Feliz Aniversário)
(...) Deus meu, não supunha que ele fosse tão grande!
Mas hei-de matá-lo. Em toda a sua magnificência e glória.
"Embora seja injusto, pensou. Mas hei-de mostrar-lhe
do que um homem é capaz e o que pode aguentar".
- Eu disse ao rapaz que era um velho estranho.
Agora, cumpre-me prová-lo. (…)
A tarde ia avançando, e o barco continuava a mover-se
devagar e com firmeza. Mas havia um esforço a
mais para o peixe, que era a brisa de leste, e o
Velho cavalgava suavemente a breve ondulação,
e a dor da corda nas costas vinha aceitável, suportável. (…)
"Verá ele muito a essa profundidade?” pensou o Velho.
“ Os olhos dele são enormes, e um cavalo,
com muito menos olho, é capaz de ver no escuro.
Em tempos, era eu capaz de ver bem no escuro.
Não na treva absoluta. Mas quase como um gato vê".
O sol e o movimento firme dos dedos haviam
despertado agora por completo a mão esquerda;
começou a transferir parte do esforço para ela,
e contraiu os músculos das costas para mudar um
pouco a dor da corda.
- Se não estás cansado, peixe - disse alto -,
deves ser muito estranho.
Sentia-se ele muito cansado, e sabia que a noite
já não tardava, e procurou pensar noutras coisas.
Pensou no campeonato - para ele as *Gran Ligas* --
e sabia que os Yankees de Nova York estavam
a jogar com os Tigres de Detroit.
"É o segundo dia de que não sei o resultado dos *juegos*,
pensou. Mas preciso de ter confiança e devo ser digno
do grande DiMaggio que tudo faz perfeitamente,
mesmo com a dor da espora de osso no calcanhar.
O que será espora de osso? *Una espuela de hueso*.
Nós não temos disso.
Será tão doloroso como a espora de um galo
de combate no calcanhar? Acho que eu não era
capaz de suportar isso, ou a perda de um olho,
ou dos dois olhos, e continuar a lutar como os galos de combate.
O homem não vale muito ao pé dos grandes
pássaros e animais.
Mais me valia ser esse bicho na treva do mar".
- A menos que apareçam tubarões - disse alto.
- Se os tubarões aparecem, Deus se compadeça dele e de mim.(...)
Excerto do livro o "Velho e o Mar" de Ernest Hemingway
Sem comentários:
Enviar um comentário