No desencanto do universo,
As ventoinhas giram sozinhas...
Nos tectos das repartições públicas
Em que certamente aninhas.
Eu esperei em todos os postes
Sem um sorriso e sem um gesto,
E morri todas as infinitas mortes
Guardando sempre o mesmo resto.
Quando as folhas te respiraram
Meus olhos, entre os cloros e as filas,
Ficaram cegos, como os das estátuas,
A tudo quanto nas ruas desfila.
Minhas mãos abriram-se para o ar
E acenaram contra o vento,
E perderam a dor que continham
E a lembrança do movimento.
Escrevo um poema profano
Para mostrar aos deuses ímpios,
Que este poeta canibal
Alimentou-se do corpo fulano.
PAR - Trofa - PT
Sem comentários:
Enviar um comentário