18 de Julho de 64 d.C.
Deflagra em Roma um grande Incendio...
O grande incêndio de Roma teve início na noite de 18 de Julho,
no ano 64 d.C., no núcleo comercial da antiga
cidade de Roma, em volta do Circo Máximo.
O fogo alastrou-se rapidamente pelas áreas mais densamente
povoadas da cidade, com as suas ruelas sinuosas.
O fato de a maioria dos romanos viverem em insulae,
edifícios altamente inflamáveis devido à sua estrutura
de madeira, de três, quatro ou cinco andares,
ajudou à propagação do incêndio.
Nestas condições, o incêndio prolongou-se por seis dias
seguidos até que pudesse ser controlado. Mas por pouco tempo,
já que houve focos de reacendimento que fizeram o incêndio
durar por mais três dias. O antigo Templo de Júpiter Stator
e o Lar das Virgens Vestais foram destruídos,
bem como dois terços da antiga cidade.
Existem várias versões sobre a causa do incêndio.
A versão mais contada é a de que os moradores que
habitavam as construções de madeira, usavam do fogo
para se aquecer e se alimentar. E por algum acidente,
o fogo se alastrou. Para piorar a situação,
ventos fortes arrastavam o fogo pela cidade.
Outra versão famosa, porém desmentida pelos historiadores,
é de que o imperador Nero teria ordenado o incêndio
com o propósito de reconstruir a cidade de acordo com
um projeto arquitetônico que a tornaria ainda mais majestosa.
Há ainda a versão (também insustentável), concebida
por romancistas cristãos pósteros que, atribuindo ao
imperador a condição de demente, pretende que ele
provocou o incêndio para inspirar-se, poeticamente,
e poder produzir um poema, como Homero ao descrever
o incêndio de Tróia. No romance "Quo Vadis", ele
é mostrado tocando sua lira, enquanto Roma ardia.
Na verdade, no momento do incêndio, Nero estava em
outra cidade e, ao saber do ocorrido, retornou a Roma,
esforçando-se para socorrer os desabrigados,
inclusive mandando abrir os jardins de seu palácio para
acolhê-los. Todavia, o fato de, posteriormente, ter usado
seus agentes para adquirir, a preço vil, terrenos nas
imediações de seu palácio, com a provável intenção de
ampliá-lo, tornou-o suspeito, junto ao povo,
de ter responsabilidade no sinistro.
Não se sabe exatamente o momento e as razões que
levaram os cristãos a serem acusados de responsáveis
pelo incêndio. Historiadores cristãos e também romanos
(como Tácito e Suetônio, cujas obras denotam acentuada
antipatia pelo imperador) sustentam que se tratou de
uma manobra de Nero, para desviar as suspeitas de sua pessoa.
Uma vez que a tese de "incêndio criminoso" se disseminara,
era necessário encontrar os culpados, e os cristãos
podem ter-se tornado "bodes expiatórios" ideais, pelo
fato de serem mal vistos em Roma. De fato, Suetônio
relata que as crenças cristãs eram tidas, na época,
como «superstição nova e maléfica» enquanto Tácito,
embora acusando Nero de ter injustamente culpado
os Cristãos, declara-se convencido de que eles
mereciam as mais severas punições porque
cometiam "infâmias" e eram "inimigos do gênero humano".
É até possível que alguns cristãos fanáticos, imbuídos
de conceitos apocalípticos, tenham proclamado, publicamente,
que o incêndio era um castigo divino pelos "pecados" dos
romanos, e que prenunciava o novo advento do Cristo,
o que teria tornado todos os cristãos suspeitos
de implicação naquela calamidade.
Para Massimo Fini, Nero teria sido caluniado, por
historiadores romanos e cristãos,
nesse episódio do grande incêndio de Roma.
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