sábado, 31 de julho de 2010

31.07.2010










Um fogo nas entranhas
Aos poucos devora…
Cavalgadas mútuas.
Excursões antárcticas.
A descoberta do corpo
Do outro, que espera
Pela exploração
Enérgica dos dedos
Do outro, que busca
Seu próprio corpo…

Como vestígios
De um homem no outro.
Outra vez a febre
E o frio tropical?
Outra vez as bocas
A alimentar-se
Uma da outra?

Outro gemido perdido
Nas cavernas dos ouvidos.
Outro nada dito…
Nada do que foi dito
Foi ouvido pelo outro.
Um esquecimento corpóreo.
Um grito acessório.


PAR - Trofa - PT

sexta-feira, 30 de julho de 2010

30.07.2010



conheço quem tenha
deixado passar
em branco, a vida.
quem tenha
dado passos
em branco, por
toda a vida...
conheço quem tenha
morrido sem passar
pela vida
sem ter tido
na vida passos
que dessem
à vida
razões de passar.


PAR - Trofa - PT

Viagem

Adeus,

António Feio,
que o meu respeito e admiração
te abençoem!!!


x ... x ... x

quinta-feira, 29 de julho de 2010

29.07.2010



... às vezes queria ser
teleportado 
(jornada nas estrelas)
para aquele tempo
engraçado
em que dizíamos
que íamos ver
"corrida de submarinos"
ou em que as colegas
eram todas "Marias"
Maria-gasolina
Maria-vai-com-as-outras
Maria-rapaz
Maria-sem-vergonha
e jogar bola de meia
usar touca de meia
fazer meinha
e pique-bandeira
e queimado...
namorar e namorar
na praia
no cinema
no pátio da escola
no salão de festas
"mela-cuecas"
pular carniça
pedir carona de "joaninha"
um baseadinho
um beijo roubado
à mais bonita
ao melhor amigo
ao pai do melhor amigo
o "drops" no bolso
a carteirinha falsificada
o "mata-ratos" cigarro
Último Tango
muitas punhetas
Imperio dos Sentidos
escurinho de cinema
quinze amigos num "fusca"
jogar boliche
amanhecer na praia
esquecer-se na areia...

PAR - Trofa - PT

quarta-feira, 28 de julho de 2010

28.07.2010



















desprendo-me do chão
desapego-me
descolo a pele
e tatuo-me às paredes
animal insignificante
mosca e larva
ou osga, ainda...
leio no futuro
de ninguém
os próximos momentos,
dois minutos
ou pouco mais além.


PAR - Trofa - PT

terça-feira, 27 de julho de 2010

27.07.2010




Um corpo só se descobre
Nos olhos de quem o vê
É ave se vem por cima
É peixe se vem por baixo
Um corpo é um escândalo
Se vestido de sua nudez
Ou pode ser um alívio
Se vestido de sordidez
Um corpo é desejo sólido
Um corpo é vontade liquida
Um corpo é só vapor e amor.

Um corpo escorre lânguido
Sobre outro corpo lasso
Um corpo arqueia e retesa
Sobre um corpo outro que espera
Um corpo adormece sereno
Ao lado de um outro ameno
Corpo moreno de tantos segredos
Um corpo congela na pele
Que guardou verões nos pelos
E lambe o mel da pele salgada
Um corpo absorve sedento
A húmida cobertura do outro.

Um corpo retalha cinético
As ávidas íris dos outros
Desfaz-se em cubismos sintéticos
Remonta-se em análises clínicas
Um corpo tão solto e tão frágil
Atira-se contra outro corpo
Com a força de bombas atómicas
Um corpo de cal e argila
Moldado por dedos afoitos.

Um corpo siamês do outro
Um corpo do outro, pedaço
Sabão, lixívia e toalha
Um corpo tão frio e fornalha
Um corpo carente e canalha
Um corpo espelho de um outro
Um corte feito à navalha
Um corpo é faísca lançada
Sobre outro corpo de palha.

Um corpo é junco e coluna
Um corpo é cinza de prata
Que o vento lento resgata.

PAR - Trofa - PT

segunda-feira, 26 de julho de 2010

26.07.2010

























Se os lábios forem vermelhos,
Se as mãos são tão brancas, 
Nas minhas mãos.
Na vila onde eu fui criado
Não havia nenhuma árvore
De nozes… porque eu ansiava
Por mim mesmo de vez em quando. 

Na vila onde eu fui criado
Não havia nenhum campo de trigo
Na vila onde eu fui criado
Do norte o vento deixava
Meus lábios rachados.
Recordo uns namorados que tive?
Pergunto-me como eles eram. 
Eu sonhei que mudaram um bocado,
Os mesmos de sempre.

Agora são um nome nos livros,
Sobrenomes entre parênteses.
Seus anos de nascimento e de morte
No fundo da página,
Ou talvez seja de quando foram editados. 
Uma lista de nomes nos livros. 
Como pássaros na agonia
Da morte dentro de minha mão. 
Nos parênteses, um traço. 
Tudo que era está lá. 
Suas esperanças, seus medos,
Seus chás, suas alegrias. 
Tudo que era está lá. 
Agora permanecem dentro…
Como prisioneiros destes livros.
Nesses traços, eles ainda assim vivem! 
Não se pode voltar atrás. 
Pode-se matar pessoas, apenas.

Os amigos morreram
Sem minha permissão. 
Eu cumprimento os poetas
Traduzidos recentemente
Em nossa língua.
Eu devo apreciar este Inverno
De derretimento por mim. 
Há pássaros escuros que
Guerreiam no comedor. 
Toda esta neve brilhante
Circunda em drenos a rua,
Rios de corações partidos…

PAR - Trofa - PT

domingo, 25 de julho de 2010

Manual de Perder-se



No desencanto do universo,
As ventoinhas giram sozinhas...
Nos tectos das repartições públicas

Em que certamente  aninhas.

Eu esperei em todos os postes

Sem um sorriso e sem um gesto,
E morri todas as infinitas mortes
Guardando sempre o mesmo resto.

Quando as folhas te respiraram

Meus olhos, entre os cloros e as filas,
Ficaram cegos, como os das estátuas,
A tudo quanto nas ruas desfila.

Minhas mãos abriram-se para o ar

E acenaram contra o vento,
E perderam a dor que continham
E a lembrança do movimento.

Escrevo um poema profano
Para mostrar aos deuses ímpios,
Que este poeta canibal
Alimentou-se do corpo fulano.


PAR - Trofa - PT

Saudades

Há 29 anos...



Beijos, Linda, Beijos!!!


Millennium

E o BCP quer convencer-nos 
de que o passarinho, na mão do Jorge Gabriel, 
cresce... poupem-nos!!!


... ... ...

25.07.2010





























Acordei de um sono
Agitado de estranhos
Pesadelos curvos
Silêncios breves
Acordei ao som
Do vento frio
Na roseira
Meio desfolhada
Da varanda
Barriga vazia
Vontade de café
E litros de água.

Quando o sonho
Me apanha distraído
Traz-me um cheiro
De ervas frescas
De lareiras no Inverno
De rosas brancas
Nos beirais das casas.

Um aroma de alguidar
Um aroma de uvas
Pisadas pela bisavó…

Quando o sonho
Estoura em meu sono
Assim meio sardinhas
Meio castanhas
Assim umas lembranças
Do quando corria pelas ruas
Só para comer migas…

E o vento da praia
Tinha o cheiro adocicado
Dos gelados de creme
Cobertos com chocolate
Tinha o cheiro do meu pai
Sentado ao meu lado.

Quando o sonho
Me cai nas costas
Tem o peso e a cor
Dos cabelos muito lisos
De minha mãe.
Verdade seja dita
Que dormir não é
Muito fácil para mim.

PAR - Trofa - PT

sábado, 24 de julho de 2010

24.07.2010





Estrelas enormes caem,
Corujas enormes circundam
Por cima de nós. 
Nós sentamo-nos no
Chão maravilhados.
Há um, qualquer um
Que um qualquer não esteve com ele!
A verdade é, nada de matérias outras. 
Você é, mim sou, ele é-se.
O mundo vem, por favor, pedir. 
Erga as mãos. 
Nenhum não. Nenhum não. Sem sustos. 
Um Deus velho encolhe na chuva,
Ondula nos varais. 
Oxida-se no humedecer da negligência. 
Alguém abandonou seu passado. 
A divindade na barra transversal,
Sem calças a dançar no asfalto,
Rindo-se ao vento. 
O fluxo de sua respiração
Insufla os pneus. 
Uma cadeira, que range,
Balança à música
Que zumbiu nos raios. 
Alguém abandonou uma bicicleta
Que o poderia
Carregar para qualquer lugar
Em um instante.
Talvez esteja em algum lugar,
Fora desta chuva,
Pensando onde a deixou. 
Talvez venha a tropeçar nela
Ao procurar um lugar
Onde esteja morno e seco. 
Pode saltar sobre ela e pedalar,
Com algum balanço no início,
Então lépido e firme
Retornará para casa.

PAR - Trofa - PT

sexta-feira, 23 de julho de 2010

23.07.2010

















camada
após camada,
descasca-se
a cebola,
até não ficar
mais nada.


resumem-se
assim,
no seu vazio,
as cebolas.
só casca
sobre casca,
camadas 
sobre camadas.


só aparência...
só amargura...
só acidez...


algumas
pessoas
por quem
passei
ao longo
da vida
merecem, 
certamente, 
o epíteto.


são cebolas!


tentamos
encontrar-lhes
o cerne
mas não há.


vamos
tentando
descobrir-lhes
um coração
mas não há.


só existem
as camadas
diversas
e suas,
insuportáveis,
manias
de grandeza.


PAR - Trofa - PT


dedicado a muitos e em especial a: Solange, Octávio, Luís e Gabriela.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

22.07.2010

















noite morna
ancorada em nuvens
de verão
assim tão chuva
um pouco trovão
gato que dorme
na sombra
da vindoura primavera
planetas em ronda
maré zero: zero
os olhos costuram
o horizonte
contam as gaivotas
sobrevoam
o mar sólido
pousam
como uma pena
no oceano
uma gota
numa asa de gaivota
asas de gaivota
a alinhavar o horizonte


PAR - Trofa - PT

Domesticando

22 de Julho

Dia do Trabalho Doméstico




Felicidades a Todas as Domésticas e aos Domesticados Também...


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Emma Lazarus

Emma Lazarus 
22 de julho de 1849 a 19 de novembro de 1887

(Feliz Aniversário)


O Novo Colosso

Não como o gigante bronzeado de grega fama,
Com pernas abertas e conquistadoras a abarcar a terra
Aqui nos nossos portões banhados pelo mar 
e dourados pelo sol, se erguerá
Uma mulher poderosa, com uma tocha cuja chama
É o relâmpago aprisionado e seu nome
Mãe dos Exílios. Do farol de sua mão
Brilha um acolhedor abraço universal; Os seus suaves olhos
Comandam o porto unido por pontes 
que enquadram cidades gémeas.
"Mantenham antigas terras sua pompa histórica!" grita ela
Com lábios silenciosos "Dai-me os seus fatigados, os seus pobres,
As suas massas encurraladas ansiosas por respirar liberdade
O miserável refugo das suas costas apinhadas.
Mandai-me os sem abrigo, os arremessados pelas tempestades,
Pois eu ergo o meu farol junto ao portal dourado."

Emma Lazarus, 1883
...
..
.


Terence Stamp

Terence Henry Stamp 
22 Julho 1939

(Feliz Aniversário)


It wasn't until I saw James Dean that I began 
to think that maybe I could actually do this. 
Movies didn't have to be just this fantasy 
with this impossibly handsome guy. 

Terence Stamp



Willem Dafoe

Willem Dafoe Jr. 
22 Julho 1955

(Feliz Aniversário)


I'm one of those people who when I go over a bridge, 
I want to jump. It's just this intense tickle in the back 
of my throat. It's like I'm on the verge the 
whole time I'm walking over that bridge, 
and I'm not going to get a release until I jump.

Willem Dafoe


Calder

Alexander Calder 
22 de Julho de 1898 a 11 de Novembro de 1976

(Feliz Aniversário)



Móbile


Escultura em Frente ao Centro Cultural de Belém - Lisboa.
. . . . . . . . .

Soufflot

Jacques-Germain Soufflot 
22 de Julho de 1713 a 29 de Agosto de 1780

(Feliz Aniversário)



Arquitecto francês, iniciador do estilo arquitectónico do Neoclassicismo. 
O seu trabalho mais conhecido é, sem dúvida, o Panthéon (Panteão) 
de Paris, construído a partir de 1755, inicialmente para ser 
uma igreja dedicada a Santa Genoveva.


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Rufus Wainwright

Rufus McGarrigle Wainwright 
22 de julho de 1973

(Feliz Aniversário)


"Rules And Regulations"

I will never be as cute as you, according 
to the board of human relations
I will never fly as high as you, according 
to the board of public citations

These are just the rules and regulations
Of the birds, and the bees
The earth, and the trees,
Not to mention the gods, not to mention the gods

All my little life I've wanted to roam
Even if it was just inside my own home
Then one little day I chanced to look back
Saw you sittin' there, being a sad culprit

These are just the rules and regulations
Of the birds, and the bees
The earth, and the trees,
Not to mention the gods, not to mention the gods

These are just the rules and regulations
Yeah, these are just the rules and regulations
And I like every one, yes I like every one
Must follow them 

Rufus Wainwright


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Santa Poesia