Jean Iris Murdoch
15 de Julho de 1919 a 08 de Fevereiro de 1999
(Feliz Aniversário)
[…] A arte não é confortável nem falsificável.
A arte conta a única verdade que em definitivo interessa.
É a luz através da qual os seres humanos podem ser corrigidos.
E para além da arte, permitam que vos diga, não existe nada.
[…] O casamento é uma instituição curiosa, […].
Não consigo compreender lá muito bem como pode funcionar.
Normalmente as pessoas que se vangloriam de um casamento
feliz estão, parece-me, a enganar-se a si próprias,
se é que não a mentir deliberadamente.
A alma humana não foi concebida para uma
proximidade constante, e esta vizinhança forçada redunda
amiúde numa solidão espantosa, que as regras do jogo impedem
que seja mitigada. Nada se compara à inútil solidão
de duas pessoas enjauladas no mesmo espaço.
Os que estão fora da jaula podem, segundo o seu gosto,
satisfazer a sua necessidade de companhia através
de incursões mais ou menos organizadas ao território
dos outros seres humanos. Mas uma unidade de dois
dificilmente consegue comunicar com os outros;
e já se pode dar por feliz, à medida que os
anos passam, se conseguir comunicar dentro de si mesma. […]
Iris Murdoch - excertos de O Príncipe Negro
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