quinta-feira, 15 de julho de 2010

Iris Murdoch

Jean Iris Murdoch
15 de Julho de 1919 a 08 de Fevereiro de 1999

(Feliz Aniversário)



[…] A arte não é confortável nem falsificável. 
A arte conta a única verdade que em definitivo interessa. 
É a luz através da qual os seres humanos podem ser corrigidos. 
E para além da arte, permitam que vos diga, não existe nada.
[…] O casamento é uma instituição curiosa, […]. 
Não consigo compreender lá muito bem como pode funcionar. 
Normalmente as pessoas que se vangloriam de um casamento 
feliz estão, parece-me, a enganar-se a si próprias, 
se é que não a mentir deliberadamente. 
A alma humana não foi concebida para uma 
proximidade constante, e esta vizinhança forçada redunda 
amiúde numa solidão espantosa, que as regras do jogo impedem 
que seja mitigada. Nada se compara à inútil solidão 
de duas pessoas enjauladas no mesmo espaço. 
Os que estão fora da jaula podem, segundo o seu gosto, 
satisfazer a sua necessidade de companhia através 
de incursões mais ou menos organizadas ao território 
dos outros seres humanos. Mas uma unidade de dois 
dificilmente consegue comunicar com os outros; 
e já se pode dar por feliz, à medida que os 
anos passam, se conseguir comunicar dentro de si mesma. […]

Iris Murdoch - excertos de O Príncipe Negro

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