sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Sal e Água

Bem Vistas as Coisas,
assim de cima,
em cima do lance,
em voo razante...
Somos todos Ilhéus,
somos todos solitários
e solos secos,
somos todos desertos
cercados de mar
por todos os lados.

Paulo acacio Ramos

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Peixe Bólido

Gosto do momento de limpar um peixe...
de esventrá-lo como quando escrevo
e reviro as entranhas do poema
exponho e atiro ao lixo a sangrenta gramática
linguada, converto o peixe em dinâmica
e verto sua carne balsámica
crio o poema-peixe-bólido e deixo que nade
até se fazer nada no rio de frases que transbordam
teus ouvidos de oceanos e abismos,
deixo que nade o peixe, deixo que nade o poema
e permito-me afogar num fonema...

Abocanhar o branco destes Outonos distraídos…

Abocanhar o branco destes Outonos distraídos…
como famintas aves de rapina e repentina fome
das carniças a correr o chão rente das savanas.
Por que o Tempo é que nos tem e por isso temos
de temê-lo de alguma maneira...
estou menos sossegado... mais estranho!!!

Estranha-me o sossego e sossega-me a estranheza...
nas sombras insanas, encontro beleza. Nas sombras
estranhas das dobras das cortinas. Ai, ai, o tempo...
O tempo é como as girafas numa savana, estão lá a
fingir que não estão, pastam e observam, estão lá mas
não estão... Amo às girafas e ao tempo também.


Paulo Acacio Ramos

Santa Poesia