Gosto do momento de limpar um peixe... de esventrá-lo como quando escrevo e reviro as entranhas do poema exponho e atiro ao lixo a sangrenta gramática linguada, converto o peixe em dinâmica e verto sua carne balsámica crio o poema-peixe-bólido e deixo que nade até se fazer nada no rio de frases que transbordam teus ouvidos de oceanos e abismos, deixo que nade o peixe, deixo que nade o poema e permito-me afogar num fonema...
Abocanhar o branco destes Outonos distraídos… como famintas aves de rapina e repentina fome das carniças a correr o chão rente das savanas. Por que o Tempo é que nos tem e por isso temos de temê-lo de alguma maneira... estou menos sossegado... mais estranho!!!
Estranha-me o sossego e sossega-me a estranheza... nas sombras insanas, encontro beleza. Nas sombras estranhas das dobras das cortinas. Ai, ai, o tempo... O tempo é como as girafas numa savana, estão lá a fingir que não estão, pastam e observam, estão lá mas não estão... Amo às girafas e ao tempo também.