segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Amor Tecido




Meu amor por que me dás essa dor
de distância tão sozinha e dura
por que me deixas à tua espera
em adoração lenta e insegura?

Meu amor, por que somes
quando mais te preciso
por loucuras que me consomem
entre o mundo dos mortos e o dos vivos?

Meu amor, por que me deixas
assim de pau duro sem teus orifícios
assim enrolado nos meus próprios vìcios
a respirar de memória teu acre perfume?

Meu amor, por que insistes em não vir
quando as folhas já caíram de tanto outono
quando não sei mais onde ir
quando o que me resta é o infinito do sono?

Meu amor, por que me fazes queimar
assim lentamente em teu lume
navegar perdido e sem mão no leme
mergulhar de cabeça na lama que geme?

Amor de verdade, não se teme.

PAR + Dante
29.12.2014

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Comentários e Pitacos!!!



Sobre a tua boca e de como usá-la.

tua boca que não se cala
nem passa notas da escala
no centro geodésico da sala
durante momentos de gala
carimbos passaporte e mala
dispara revólver sem bala
ampara costelas com tala
arranca os dentes da fala
pendura na barra da pala
como chuvada que rala
acumula lama na vala
não vê vara sem chupá-la...

PAR - PT
23.09.14


Sobre a tua boca e de como usá-la.

tua boca que não se cala
nem passa notas da escala
no centro geodésico da sala
durante momentos de gala
carimbos passaporte e mala
dispara revólver sem bala
ampara costelas com tala
arranca os dentes da fala
pendura na barra da pala
como chuvada que rala
acumula lama na vala
não vê cana sem chupá-la...

PAR - PT
23.09.14


O mesmo poema e duas conclusões diferentes que querem dizer a mesma coisa...
em resposta ao teu "BOCA", Dante!

sábado, 13 de setembro de 2014

terça-feira, 22 de julho de 2014

Batatas Fritas sem Sal, por favor.



No meu tempo, 51 era uma boa ideia e como para bom 
entendedor, entender basta… Não vou, simplesmente, explicar. 
Mas não sei se será tão boa a ideia de fazer 51, ou 1 além do 
meio do caminho para os 100.
Inquietante e pouco excitante, essa vida levada a cabo. 
Essa incerteza de sobreviver da caridade de quem me detesta 
(salve Cazuza). 
Cheguei aos 51 sem vontade alguma de voltar aos 15 ou a outra 
idade qualquer, que todas as idades foram de ouro e todas foram 
valentes merdas, em todas elas tive amores grandes e perdas maiores.
Cheguei aos 51 como se chegasse a casa e metesse a chave à porta, 
mas ninguém fez o jantar ou pôs a roupa para secar, secos os olhos 
e seca a terra onde se atiram sonhos para recolher trovoadas.
São 51 velas num bolo barco à deriva, sem perspectiva, 
sem nexo, sem porto onde viva o olhar amante. 
Onde haja ar para respirar e amigos de braços abertos, 
mentes abertas e coração farto. 
Vendo casa com cantos de memória, vendo 
memórias com gritos de sombra. Vendo bem, nada há para ver.
Aos 51 sou vinho que não viu os anos a passarem, 
que não foi metamorfose de água, que não deixou na língua 
o travo do tempo, mas envelheceu no fundo de uma adega.
51 e velho demais para as perguntas retóricas em frente ao espelho, 
a bruxa me enfada e eu não quero fodas, madrinha! 
Meio comprimido de manhã, outro meio mais tarde e um inteiro 
ao deitar-se, belo resumo das coisas, 
hipertensiva incerteza e 51 de cu é rola.

PAR – PT

18.07.2014

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Meia-volta Volta e Meia

Estive a pensar numa forma
e surgiu-me um círculo...

Circulei à sua volta
redondo como eu podia ser...

Sem arestas pra me podar
Apenas curva a tontear os pés...

lamber o chão
criar vínculos

e ao pensar numa forma
minha cabeça anda à roda

Roda de não saia, gira de não caia,
rabo de arraia que vira moda

te convido pruma festa
e o que resta, que se foda

em roda, à roda... por foda?
que seja boa mesmo que mal dada

mal dada? maldade...!
relaxa que tudo encaixa

e a volta e a roda e em volta
tudo anda outra vez à roda

rodopiei em rodamoinho
sozinho na roda da vida rodei

rodo pio giro cio meto tiro
no centro do alvo acerto um tiro

cai de joelhos um breve vazio 
delicadamente, sem pertencer a ninguém 

sem nitidez morre entre versos
com a boca seca de silêncios

Os vazios se revelam
Em obras póstumas...

páginas rasgadas, submersas
esquecidas, páginas viradas.

Letradas em pensamentos
Que o poeta engavetou...

Trancou, lacrou, 
Como corpos em tumba funda

beija, beija, beija rápido 
e fecha o caixão.


Criação do Coletivo Uni-Versos Poéticos.



http://www.linguafiada.com/2014/01/meia-volta-volta-e-meia.html

Santa Poesia