sábado, 27 de agosto de 2011

27.08.11



O Luar nos Olhos de Paulo

os olhos, sempre os olhos,
aos pares ou aos molhos
tão húmidos os olhos.

os olhos que por vezes abertos
são tão cegos que só vêem a luz
e se esquecem da sombra
e seus mistérios

que se aquecem na sombra dos cílios
e na espera do brilho dos outros.

e que como espelhos reflectem
a nossa existência

olhos de fêmea a desprezar o que têm
olhos de macho a desejar o que vêem.

olhos trocados como os amores
olhos pecaminosos
olhos que cobiçam
olhos que choram

cegos como as paixões

olhos que no fundo apenas pensam
que conseguem ver

obscuros como os perdões

e no fim
o que vê

perdidos por ter um Labirinto
no fim do fio
olhos que derretem como asas
de Ícaro ao sol pungente
olhos lâmina fria

olhos de prata
olhos de lua
olhos salgados
olhos de mar

olho solitário do Adamastor
olho de cabo sem esperança
olho que tropeça na contra-dança.
pausa

olho que para a pedido de outrém

olho em pausa no rodar da cassete...

olho que se vomita sobre a beleza vista.

olhos que escapam
aos olhos
olhos tímidos
que fogem
por vezes quase perdidos
olhos que também se fecham…

Raúl Ramos e Paulo Ramos a 4 mãos

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Gás


...
________________quando alucino
sinto-me tão mais_____________
sóbrio_______ e _______sombrio
...

PAR - PT

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

25.08.11


Conversoesia



Bom dia!
tudo bem contigo, rapaz?
olá, tudo bem aqui, e aí?
na boa!

ehehe
estou na fase final com a briga
entre mim e as poesias

hás de concluir isso para o bem de todos
e felicidade geral da nação.

felicidade geral, danação!
ahahahaha

depois todos nós lemos online,
os leitores votam, os jurados dizem idiotices,
declaram um vencedor e podemos
todos esquecer que o concurso existiu. :)

esquecer não vai ser fácil...
ainda vou contar muito essa história.

eu esquecerei, podes ter a certeza.

não esquecerei, pois ajudarei na organização
de próximos concursos.

bom voyage meu querido!

minhas ideias são bastante boas...

acredito que sim.
e faço votos que funcione.
devia ter esperado o primeiro acontecer
para depois participar.
mas, agora é demasiado tarde, só posso amargar
o meu próprio arrependimento.
apoio as novidades e desejo boa viagem
nessa empreitada... tomara que vocês consigam
levar o barco além do cabo das tormentas
e para longe dos braços do Adamastor.

não sou bem o Vasco da Gama,
se muito sou o Popeye, mas vou tentar.

e eu vou começar a concentrar
minhas atenções em outras empreitadas...

vamos convidar um ao outro
no próximo concurso que descobrirmos?
e os outros rapazes.

podemos convidar, não nos fará mal algum.
até mandarei os anúncios
daqueles em que não participe.
que deverão ser quase todos.

ora, por que?

não me sinto com vontade de participar
em qualquer um que seja tão cedo.
não me apetece.

esqueça os incidentes e siga logo o próximo.

meu equilíbrio está em queimar completamente
uma das duas pontas das emoções...
tenho de esturricar o Ódio completamente
até que possa retornar ao Amor...

sei
entendo
mas você não pode privar o mundo da sua escrita
precisamos dela

sou um caranguejo, meu querido, há que partir
a duríssima carapaça para poder tocar o macio interior...
e EU posso privar o MUNDO de qualquer
Coisa que ME pertença, e a minha
POÉTICA é uma dessas COISAS.

poder, pode, mas não deve...
o mundo precisa de mais poesia...
de boa poesia

o MUNDO precisa de mais TERRORISTAS.

ahahahahaha
poesia bomba, então!!!
poesia murros
marreta
bala

Todos esquecem um bom poema
que leram com o passar dos anos.

espada
catapulta
daí a gente escrevo outro

Mas, ninguém esquece uma boa explosão
de pertenças sociais duvidosas.

para quantos eles esquecerem, escrevemos dois

Como Torres, Aviões etc.

assim , assim, até transbordar tudo em poesia

demasiado romântico (esse teu descrever)
para um céptico como eu.

semana que vem, vou postar um desenho
que fiz sobre torres e aviões.

e eu vê-lo-ei quando postado esteja.

faço a minha parte...quem quiser bombardear,
eu gosto, mas não faço.
sou romântico mesmo....
um grande mal ao meu lado lógico.

eu sou PASSIONAL...
mas, não consigo ser romântico...

sou os dois e impulsivo também.

eu gosto da forma como a primeira mulher
que amei e me amou costumava descrever-me...
um vulcão em actividade no meio do Alasca.

derrete tudo
murros em ponta de faca
enxugando gelo

radicalismos e carinhos embrulhados
para presente em arame farpado.

descansa carregando pedras
ahahahahahaha
veja uma poesia que escrevi em 1986
para uma namorada.

estou a gostar muito desta conversa...
importas-te que a publique no meu BLOG?

publicar o que?
a conversa ou a poesia?

acabo de comentá-la... a tua poesia.
e publicar esta conversa que estamos a ter...

sei lá, deixa eu reler...

se precisas reler, não te incomodes, não a publicarei.

PUBLIQUE SIM, NÃO SEI SE ALGUÉM
VAI SE INTERESSAR,
MAS POR MIM, TUDO BEM.
preciso correr com a comida,
depois eu volto.
beijos

não é porque a alguém possa interessar
que quero publicar...
sim porque gosto da escrita.

bom almoço, moço... beijão!

PAR - PT

quando dois poetas conversam 
é quase tudo menos poesia...



sábado, 20 de agosto de 2011

20.08.11



(espelho)

A minha imbeleza não colíria*
Os olhos de quem a vê.

* Verbo que, por não haver,
Faço existir para ofertar.

Não afoga a cântaros o olhar
Marinho de quem nada
Me quer…

A minha desfeiura coroa
Rainha de um país de
Maravilhas, a menina
Dos olhos de quem me lê!

(para o grande Lewis Carroll)

PAR - PT

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Sexta-feira, Eu e Peta...


Sexta-feira, Eu e Peta...

19.08.11


Aroeira

Árido e solitário
O sertão assustador
Fere como fogo
Respira o seco do rio
Preso em sua concha
Em espirais eternas

Baixios que se encontram,
Sedentos e grávidos,
À espera de dar vida
A esta terra ardente.

Terra plana de horizontes
De mandacarus que abraçam
Os tórridos raios de sol.

Eu português que sou
Só sei do grande sertão,
As veredas que li noutros.

Não sou poeta-Pessoa
Não posso andar a fingir
Uma qualquer dor
Que não me doa.

Sigo o passo seco,
Ossada exposta,
Que verga ao sol,
Arco de luz,
A rasgar areias.

Deixo-me ser tão seco
Quanto os olhos
De quem aguarda
O pranto-benção das chuvas.

Meu corpo seco
Não traz as plumas
Da Baleia de Graciliano
Nem do cão de João Cabral.


PAR - PT

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

18.08.11



mar que aborta
espumas na pedra
sensação de vómito
ao por o primeiro pé
na corda esticada
a trezentos metros 
de altura
o medo acorda
a meio do passo
suspenso
sem ar próprio
mas com luz
à frente
seguir sem ver
o fim do fio
que se alonga
entre as beiras
o porto não aflora
tempo-espaço
apenas acarinha
manhãs que coram!


PAR - PT

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

17.08.11



Beijo


Qual destes é o pénis
Do meu pai?
O que cuspiu
Metade de mim
Na minha mãe?
O que violou
Meu sono
E calou meus medos?
O que desceu à terra
Preso ao corpo
Morto que beijei!?




PAR - PT

terça-feira, 16 de agosto de 2011

16.08.11



Há pessoas que são más e são
Pessoas que são más pessoas
Que são más pessoas que são
Más pessoas que são e que há…

Há pessoas que se pode amar
E que são pessoas que se pode
Amar pessoas que são pessoas
Que se pode amar e que são…

Há pessoa que nem uma nem
Outra coisa que nem esta nem
Aquela emoção e não sabem
Ser pessoas que são más nem
Aquelas que se podem amar…

Há pessoas que são mesmo
Más escritoras mas essa é
Uma outra qualquer história
De pessoas que são outras.


PAR – PT

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

15.08.11




Aceitando um dos dois desafios do concurso ao qual estive ligado um tempo: 


Poesia Erótica...


Somatório


um dedo, dois dedos, a mão...
no meio, de lado, aí... não!
mordida nos lábios
lambida nas solas dos pés
cobra enrolada no galho
suor espesso e esporas
estribos e relho
tempo parado tempo suspenso
brilho que chama
e chama que dura
dureza tão terna
que abre e perfura
sede de muito
fome de tudo
diálogo mudo
cavalo e cavaleiro
unidos em luta
que travam de corpos
que foram dois
e fundem-se
em um terceiro.


PAR - PT

domingo, 14 de agosto de 2011

14.08.11



lenda


gaivotas andorinhando
trazem do vazio
o morno remoinho
das horas
e o grasnar ruidoso
dos homens
a enredar
faz dos monstros
a sombra
reflectida do mar.


PAR - PT



sábado, 13 de agosto de 2011

13.08.11



quero que venhas comigo


quero que sejas bem vindo


quero que te venhas


quero que tenhas boa vida


quero guardar-te em abrigo


quero que ouças o que digo


quero que laves a louça
          que cales a boca
              coles as peças
                         
           as poucas
coisas que quero
          que tragas


quando vieres comigo...


PAR - PT

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

12.08.11



Rebanho

Tantas gentes
A coabitar
Uma só cabeça.
Um desassossego nas
Paredes da Tabacaria.
Um fingir que é dor.
Tantas letras
Na essência musical
Dos (teus) versos inúteis…

Porque quem ama
Nunca sabe o que ama
E eu te amo Pessoa,
Venero teus Reis
E teus Campos.
Quem fostes vós
Neste mundo aberto?
A destilar belas flores
E tosquiar o Carneiro
Na Brasileira de Lisboa…
De quem fostes voz
Para um deus Caieiro?

Deixo as asas dos
Quatro anjos
Tapar-me os olhos
E não me preocupo
Em saber qual és,
Fernando, que
Soares aos ouvidos.

PAR - PT

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

11.08.11


Promontório

Ao tempo pouco
Se lhe importam
As rugas
Que o velho tem
O tempo tão mais
Velho que o mais
Velho dos homens
E de novo pensa
O velho em seus
Momentos contados
E conta histórias
De um tempo
Passado a limpo
Louça lavada
No rio que passa
Que apenas passa
Tão-somente uma vez
No mesmo lugar
Lugar que é
Suporto no tempo
Ficar – não – passar
O velho
Simplesmente
Acaricia as marcas
Que o tempo
Lhe escavou
Na pele
Como ventania
Insistente que rasga
A face da rocha
Resistente
O velho é uma
Falésia a olhar
O mar
Que bate a seus
Pés
O velho é uma
Rocha que se
Faz areia
Nas praias do tempo.

PAR - PT

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

10.08.11



se clara vinha
a palavra
uva a estalar
nos dentes
vinho verde
vinho seco
cão vadio
puta e beco
amor
et cétera e tal
meu homem
a boca e
caldo de galinha
assim
assado
meu amor
e tal homem
na boca
et cétera e caldo.


PAR - PT

terça-feira, 9 de agosto de 2011

09.08.11



deixa-te estar 
na sala branca
acotovelada
sabes que ficará
em tua boca beijada
o sabor do tempo
sabes que calar
a boca velada
é deixá-la morrer
outra vez
pensa-te leve
a caminhar sobre mim
a encher de pegadas
as rugas e as dobras
teu corpo é lenda
conclusão de mito
não posso tê-lo
só posso conter
o silêncio que transmuta
em grito.


PAR PT

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

08.08.11



Serpentário


mandei riscar teu nome
da lista
deixei voar até perder
de vista
e a festa já ia a meio
já se perdia a noite
na contra-dança
a vida lisa rumava
flácida enredada
no tramar da tua trança
desdito príncipe 
a calçar cristais
a correr vazio
na noite vasta
a saltar de planeta
em planeta
cativo de seres estranhos
emaranhado
num roseiral em flor...


PAR - PT

domingo, 7 de agosto de 2011

07.08.11



as ondas da costa
com o vento forte
dos sóis que viajam
como velhas gaivotas
Oh, aventura
gaivotas cadentes
como marinheiros
iluminados
chover no molhado
é dizer que o deserto
é seco
rimar o verso da ode
com o da elegia
estancar hemorragia.


PAR - PT

sábado, 6 de agosto de 2011

06.08.11


A Vida é uma Doença Terminal

e não é que já
vinha se achando
pela calçada
com cara de quem
pensa que sabe tudo
...
no céu um avião
sofre uma avaria
solta-se uma roda
do trem de aterragem
e roda pelo ar
até esborrachar-se
na calçada
...
cara toda inchada
uma roda em cima
que fim tão incomum
para qualquer um
que tanto se acha.

PAR - PT

Surreal Killer



desavisados
estavam os outros
de que o Príncipe
come quieto!!!

PAR - PT


(homenagem ao Poeta/Irmão Príncipe Desavisado, 
a quem tive o prazer de desafiar durante algumas 
semanas e que acredito será o vencedor do certame
I concurso de Poesia de Autores S/A, com todo o
respeito devido aos outros concorrentes, em especial
O Velho, que, a meu ver, ficará em segundo lugar, 
e ao Cervan, grande poeta também, mas que 
possivelmente será derrotado pela rede social.)

Santa Poesia