quinta-feira, 16 de abril de 2015

...




E então havia flores (tão selvagens) 

e tu vias a sombra do vento nas cortinas 

(tão selvagens)

e esquecias de tudo por alguns momentos 

(tão selvagens).


PAR - PT 16.04.15

quarta-feira, 15 de abril de 2015

um despoema




rimar coisas com sons
e assim definir versos
é como desfiar contas
sem segurar no terço
orar a um deus menor
chorar esse despudor
despir camisa e calças 
e atirar-se de cabeça
na pia de lavar louça 
e nadar entre bolhas
desfazer certas malhas
corrigir algumas falhas
contar os veios às folhas
rumar como caravela
a sotavento enfunada
redescobrir universos
é como embalar sonos
sem ter a mão no berço
implorar nenhum perdão
com lágrimas crocodilas
descalçar chapéu e luvas
e deitar-se na prancha
a caminho da execução
fundar âncoras em ilhas
a milhas e milhas daqui
com suas sonoras ondas
suas coisas que rimam
seus sons que de ecos
se perderam nas paredes
nas sombras projectadas
nas paredes de um mito.

PAR - PT

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Contagem




Tempo Livre, duas palavras tão armadas em importantes... 
Tempo, esse iníquo seguimento de eventos aleatórios a
que as pessoas atribuem todas as culpas, todas as curas, 
todos os deuses... 
Liberdade, essa inexequível metáfora de poder fazer,
de poder querer, de poder poder. Não tenho tempo livre, 
meu tempo está acorrentado à sua ausência e eu escrevo 
e leio sobre ele, escrevo no tempo o que quer que seja e 
isso não me faz mais livre, não o faz mais livre. 
Sinto-me então com a capacidade de escrever e de ler e
de ler o que escrevo e escrever sobre o que leio e ainda 
mais ou muito menos, sinto que o que o que leio cada vez 
diz menos daquilo que escrevo. 
Não sei do Tempo e não sou Livre e o tempo não é livre...

PAR - PT
13.04.15

Santa Poesia