quarta-feira, 8 de abril de 2009

Abril

Nosso azul
nunca foi á piscina
menina dos olhos
cor de abacaxi
flor de cebola
cortada e carpida

Nosso azul
guarda em si
a sombra das pétalas
o sabor nas papilas
salivadas e submersas

Nosso azul
tem o toque
do ananás
nuances de lilás
e cortes de luz
coroas de espinhos
anéis de saturno

Nosso azul
é marinho
profundo e soturno
tem laivos
de escamas
lentidão de larvas

Nosso azul
não está no sangue
exala do solo
exuma o corpo
da nossa solidão

Nosso azul
faz-se prisma
e separa
as sílabas
do espectro
no arco das íris
dos olhos dos furacões

Nosso azul
escorre leitoso
dos furos
dos buracos todos
das nossas cabeças

Nosso azul
põe-se à janela
a cuscar as vizinhas

Nosso azul
habita os olhos
das gaivotas
e os olhos
das sardinhas

Nosso azul
anda nas ruas
e dorme embaixo
das pontes

Nosso azul
é flor de laranjeira
é farda de aviador
ave do paraíso
pinguim e geladeira

Nosso azul
é uma cor duvidosa
às vezes é negro
outras vezes
cor de rosa.

Paulo Acacio Ramos

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