segunda-feira, 28 de junho de 2010

Papa Paulo IV

Giovanno Pietro Caraffa 
28 de Junho de 1476 a 18 de Agosto de 1559

(Feliz Aniversário)



Paulo IV aplicou o seu zelo ao esmagamento da heresia, 
mas neste assunto o seu fervor levou-o a extremos 
que tornaram ainda mais turbulento o seu já 
controvertido pontificado. É de Paulo IV a frase: 
"Se meu pai fosse herético, eu iria apanhar lenha para queimá-lo". 
Quando cardeal, tinha dirigido a Inquisição no tempo de Paulo III. 
Ao chegar ao Trono de São Pedro, decretou que a Inquisição 
"não estava em condições de usar de delicadeza". 
Para Paulo IV, a Inqusição era "a menina dos olhos, 
a preferida do seu coração"; O embaixador veneziano 
em Roma, escreveu: "A violência do Papa é sempre grande, 
mas, quando se trata da Inquisição, é realmente indizível. 
No dia da semana fixado por ele para a reunião da comissão, 
a quinta-feira, não há nada no mundo que o impeça de realizá-la. 
Lembro-me de que, no dia em que os espanhóis se 
apoderaram de Anagni, quando toda a Roma corria para 
pegar em armas, temendo pela sua vida e pelos seus bens, 
Paulo IV foi presidir o Santo Ofício e tratou com toda 
a impassibilidade dos assuntos da ordem do dia, 
como se os inimigos não estivessem às portas da cidade". 
A Inquisição, assim confiada a um prior dominicano tão 
rígido quanto ele, Miguel Ghislieri - futuro São Pio V - 
tornou-se o terror de Roma, com poderes excepcionais. 
Perseguiu impiedosamente todos os suspeitos de 
procedimento heterodoxo, toda a aparência de heresia, 
e a ordem de nunca hesitar em castigar -se fosse o caso - 
as personagens mais eminentes, para que o castigo 
servisse de lição. Assim, todas as quintas-feiras o papa 
era visto presidindo a Inquisição, e julgando todos 
os suspeitos: vendedores de livros de idéias perniciosas, 
judeus e mouros. Paulo IV fez com que os judeus 
usassem um chapéu cônico para os distinguir visualmente 
dos cristãos, e os manteve nos limites de seu gueto.
O papa Caraffa, seguindo os passos de Paulo III e 
ultrapassando-os largamente, mandou elaborar 
o Index Librorum Prohibitorum, o catálogo dos livros nocivos, 
que em breve passaria ao controle de uma congregação 
romana especialmente reunida para este assunto. 
Sessenta e um livreiros foram poibidos de fazer edições 
(até os Exercícios Espirituais de Santo Inácio de Loyola, 
fundador dos jesuitas, foi censurado!). Neste momento, 
toda a obra de Erasmo de Roterdam foi censurada, 
simplesmente por antipatia ao autor 
(medida essa revogada pelo papa seguinte, Pio IV, 
que determinou que apenas o que fosse considerado 
contrário à fé deveria permanecer interditado). 
O exagero do Index sob o governo de Paulo IV foi 
tão abusivo, que um santo (São Pedro Canísio), 
posteriormente trataria esta repressão excessiva 
como "Pedra de Escândalo".
Quanto à Inquisição, esta não poupava pessoa alguma. 
O cardeal Morone, conhecido por ser um célebre diplomata, 
ousou dizer que a violência em matéria religiosa nunca 
dera bons frutos, e por causa disso foi encarcerado 
no castelo de Sant'Angelo. O cardeal Reginald Pole 
disse o mesmo, e por isso foi privado da função de 
legado papal na Inglaterra. Foi intimado a comparecer em Roma, 
no que foi impedido pela sua rainha, Maria Tudor, 
que provavelmente percebeu o que estava reservado 
para o seu cardeal... O patriarca de Aquiléia desculpou 
um pregador pelo mesmo ter falado da predestinação 
de forma pouco profunda, e por isso foi intimado a explicar-se. 
Saiu inocentado, mas por causa disso perdeu o 
chapéu cardinalício que lhe fora prometido...
Paulo IV convidou todos os Estados a pôr em funcionamento a Inquisição; 
a França recusou-se, mas a Espanha, onde o tribunal 
já era poderoso desde os tempos da reconquista, 
entregou-se a essa tarefa de corpo e alma. 
Então se perseguiram todos os restos de luteranos, 
todos o erasmismo (pensadores baseados em Erasmo de Roterdan), 
todos os "alumbrados" verdadeiros ou falsos... 
Foram condenados livros admiráveis, como o de São João da Cruz 
- "Audi, filia". A própria Santa Teresa de Ávila 
despertou suspeitas! Milhares de obras foram 
lançadas ao fogo. O arcebispo dominicano Bartolomeu Carranza, 
perseguido pelo seu confrade Cano, o inquisidor, 
que dele diziam "farejar a heresia a dez léguas", 
terminou por ser preso por ter feito um comentário 
considerado suspeito sobre o catecismo.



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