quarta-feira, 15 de abril de 2015

um despoema




rimar coisas com sons
e assim definir versos
é como desfiar contas
sem segurar no terço
orar a um deus menor
chorar esse despudor
despir camisa e calças 
e atirar-se de cabeça
na pia de lavar louça 
e nadar entre bolhas
desfazer certas malhas
corrigir algumas falhas
contar os veios às folhas
rumar como caravela
a sotavento enfunada
redescobrir universos
é como embalar sonos
sem ter a mão no berço
implorar nenhum perdão
com lágrimas crocodilas
descalçar chapéu e luvas
e deitar-se na prancha
a caminho da execução
fundar âncoras em ilhas
a milhas e milhas daqui
com suas sonoras ondas
suas coisas que rimam
seus sons que de ecos
se perderam nas paredes
nas sombras projectadas
nas paredes de um mito.

PAR - PT

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