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Os homens têm-se matado, uns aos outros, indiscriminadamente. Atiram-se, uns aos outros, como feras conscientes, com fome e sede de sangue e vingança. Os homens pensam, todos, que todos devem pensar como eles. Os homens dizem que querem a paz e armam-se até aos dentes. Os homens esquecem-se que cada homem tem o direito de sê-lo, de se pensar, de se fazer homem. O dom de pensar tornou-se um castigo. A fé metamorfoseou-se em ira, a ira fez-se certeza. Os homens estão esquecidos que as correntes que os prendem às suas liberdades, fazem-nos perder a noção do todo. Os homens estão esquecidos de sua capacidade de pensar. São os piores predadores pois matam e não comem. O poder independe da fama. Os homens não têm mais tempo de se sentar e falar uns com os outros, respeitar o pensamento dos outros. Os homens devoram-se uns aos outros, destroçam-se mutuamente. Os homens matam, basicamente, os homens matam. Matam o semelhante, o diferente, o concordante, o divergente, o dissidente, o revolucionário e o estagnado... Os homens matam, isto é o mais deprimente. Os homens falham, erram, dão à luz e enterram. Os homens dizem que não é agora a hora do encontro, o tempo do retorno. Os homens fizeram do espaço um trágico cenário, desfizeram a cena, compuseram, desfizeram. Os homens mataram a Lady e a madre, queimaram a bruxa, queimaram a santa, desfiguraram a cena em trágico cenário. Os homens retornam, adornam, discursam. Périplo dos reptos, escamas de répteis ou diáfanos voláteis, os homens não têm valor, não têm vapor, não têm amor... O fogo não de mede ao grama, a rede não define a trama, mesmo a chama não faz barro da lama, o sexo não cabe na cama!? O melhor leite, nem sempre, se mama... O fruto é mais doce se está perdido na rama. Os homens devoram, depois vomitam e lambem à volta. Perdem as chaves e não batem à porta, batem a porta. Os homens emitem, os homens imitam, os homens disparam, abatem e matam. Os homens arbitram como os abutres, choram como os chacais, os homens sonham em ser racionais. Os homens criaram as leis e os desvios, as regras e os desvarios, não os mares, mas sim, os navios, as velas e os pavios. Os homens têm cores, dão flores, os homens são nada, os homens são nada além de homens. Os homens criaram o tempo, criaram as horas que, agora, já não eram pedaços de tempo, pilares de um templo. Um dia há de vir em que as horas não saberão medir o tempo. As horas não serão mais que migalhas. Quem disse que agora não era a hora, nem ficou nem foi-se embora.
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