quinta-feira, 11 de março de 2010

11.03.2010









































A carne que treme
Dentro da derme
Será bem breve
Alimento do verme
E encarnada
Pende cortada
Nas montras do talho.

Ainda outro dia
Pastava tão verde
Distante das coisas
Sem medos nem fé
Ainda outro dia
Engordava vadia
A teta mungia.

O leite que escorre
Pelas gargantas
O leite que se esfrega
Na derme gorda
O leite que se derrama
E se chora depois
Com lágrimas puras
E olhos de bois.

As carnes massivas
De convites aos dentes
Tão moles e densas
De sebos pendentes
Que trazem delícias
Sugerem malícias
Piscinas de sangue
E natas tão brancas.

Nacos de coisas
Pedaços de bichos
Cálidos colos
Para deitar a língua
Enquanto outros bichos
Morrem à mingua
Sagradas e lindas
As vacas são putas
Que atendem aos gostos
De todos os outros.

São muitas as vacas
Tão poucas as loucas.


Paulo Ramos - Trofa - Portugal

Sem comentários:

Santa Poesia