quarta-feira, 24 de março de 2010

24.03.2010

quero gritar nas dobras
da noite afoita
desencantar os sonhos
na manhã aflita
afugentar fantasmas
no fim da tarde atónita
quero girar num corpo
numa espiral perfeita
tempestade tropical
uncartrose cervical
a dor a gritar
nos vincos da noite
a noite a gritar
suas auroras e a
noite demorada
debruça-se na janela
e vê passar a procissão
a noite ainda vai no adro
carregada de chagas
a noite verte dos olhos
dos insones e adormece
o leito de todos os rios
a noite perscruta
a insondabilidade

Paulo Ramos - Trofa - Portugal

Santa Poesia