segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

20.12.2010







caía em azul
tudo o que era azul
e mais e mais e mais
azul
como os dedos das
adolescentes japonesas
em azul claro e profundo
em azul
como um buraco na parede
céu em arco por cima
de quem dorme na rede
em azul tudo caía
as saias os sonhos
os cílios das prostitutas 
panamenhas
azul neve sobre os ombros
das estátuas dos generais
que ninguém conhece
os pés dos pombos
os lábios congelados
caía tudo em azul
o bando de gansos
a voar rumo ao sul
os olhos dos gatos
as gotas de orvalho
as folhas no chão do outono
não, essas não, essas são
alaranjadas
contrastam o azul
por oposição
e todo o resto em decomposição
tudo caía em azul
mesmo o que não era
ou fora ou estivera
muito tempo à espera
caía em azul
mesmo aquilo tudo
que já deixara
há muito tempo de ser
tão azul.


PAR - PT

3 comentários:

Jack vestida de loba e uivando...ou balindo? disse...

E o emburramento da menina ao fundo? rsrsrs....

*Obrigadíssima pela letra! Quando procurava uma foto do Abrunhosa, caçando, encontrei um blog português em que falavam sobre essa banda Toranja. Ainda não ouvi, mas a letra que encontrei naquele blog e a que me mostrou, me encantaram! Vou baixar umas músicas por aqui!

Abraços imensos pra vc querido! Abraços de bailarinas flutuantes!!!!!!!!!! rs...

Marcos Burian (Buriol) disse...

Tudo tão leve né. Como minha cabeça, sedada por tantos anti-histamínicos. Tá tudo tããão legal aqui hoje, as cores mais vivas e as paredes se fechando...não...mas as cores, têm cheiros! E vozes!

Quero ir pra casa. Quero aproveitar este estado ativado em outras coisas que não este teclado resplandescente, sei lá se é assim que se escreve, se é que tal adjetivo existe e...

Certo, pare de delirar, ó Buriol lesado.

Paulo Ramos disse...

resplandecente, é um belíssimo adjectivo e óptimo para se delirar, especialmente na companhia de amigos que resplandecem...abraços e abraços!

Santa Poesia