quarta-feira, 1 de setembro de 2010

01.09.2010















Anatomia Incorrecta


nada como um dia
atrás do outro
com a noite,
pelo meio,
para esquecer.
não há só hoje,
há muito mais
que simples dias
entre ontem e amanhã.
há tardes falsas,
noites vadias.
há, entre um dia
e o outro,
silêncios dourados,
suspiros de prata.
há um travo
na língua,
uma louca lua
vermelha.
há um momento
entre os dias
em que se perde
os sentidos,
em que
o corpo ateu
ajoelha-se e
pede alguma coisa
entre ontem e
amanhã.
por sobre a derme 
o tremor.
frémito de descoberta
da beleza.
olhos cansados
de procurar
no universo.
extremo desejo,
extrema vontade
de encostar ossos
nos ossos.
trepidações das pálpebras,
arrepios do nervo óptico...
que encontrou
na curva do nariz:
uma razão, um matiz.
as digitais buscam,
nas sobrancelhas,
os arcos perfeitos.
arquitectura e engenharia:
um ser perfeito.
as piscinas das retinas.
banho de cristal
do suor...
tremor de derme!
flutuar nesse dia frio,
nesse ar denso.
nas cores mutantes
dos livros nas estantes.
na busca dos sinais.
na incerteza do sempre
e no absoluto do jamais!


PAR - Trofa - PT

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