domingo, 19 de setembro de 2010

19.09.2010

 (*)


Quando era garoto
coleccionava vozes de caracol,
cheiros de chuva e brilhos
de estrelas do mar...
na adolescência, voava em asas
de lagartas
corria na chuva e ouvia 
o mar nas conchas dos caracóis...
actualmente sou um adulto
um homem de meia-idade
que colecciona as vozes
das estrelas, as malhas da girafas
e flores imperfeitas:
antúrios
crisântemos
girassóis
e plumas de beija-flores
espuma de nuvens
pedras de gelo que caem do céu...
incoerências
improbabilidades
incertezas
colecciono as coisas que outros
deixam inacabadas...
lápis de cor
papeis velhos
vapores de chás...
colecciono coisas que não consigo
guardar, coisas que não sei
onde estão...
colecciono nomes de cidades fictícias
fotografias de lugares que 
não existem,
colecciono almas de seres
microscópicos unicelulares.


PAR - PT

(*) Paulo Acacio Ramos (PAR) aos dois anos de idade.


1 comentário:

____ disse...

Extensa coleção
Há quem colecione flores
E os que colecionam ardores
Há até aqueles que guardam consigo uma lista de amores
Esses sim tem graça e auréola divina
E chega a hora parva em que a poeira cobre as fotos, ela de tempos vadios
E a gente, de colecionador, vira a coleção

E, não calha pra si "um homem de meia idade", vista o "o grande homem de meia idade", aquele que coleciona poesias, o que tem um olhar pós moderno, aquele e aquele e aquele...e aquele que eu gosto de ler sempre!

Sempre!
Abração!

obs: Não tem como não prestar atenção na foto

Santa Poesia