segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

21.02.11



a chuva inebria-se
em gotas
nas pedras da calçada
a chuva a carpir-se
a chuva a desfigurar-se
com suas garras doces
chuva bêbada que lambe
as pontas dos dedos
a chuva desonesta mente
para nós nas lonas
dos guarda-chuvas e das lojas
a chuva fingia que molhava
e chovia e chovia e chovia
húmida sobre todas as roupas
a chuva incumbe-se de pesar
sobre as asas das aves
a chuva chora e chove
nas vidraças dos olhares
a chuva lava o sal
dos corpos enlaçados
dos corpos distraídos
dos corpos que dissolvem
como papéis à chuva.


PAR - PT

Sem comentários:

Santa Poesia