terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Jardim de Alah


se o tempo não explica
não justifica
o tempo da espera
implica em desespero
complica o espaço
à tua volta
quando caminhas
no aterro
quando te arrastas
no calçadão
com teus órgãos vitais
na mão
coração rasgado
peito aberto
e a tempestade
cada vez mais perto
tempo que explode
sangue que escorre
nas encostas
da pedra da gávea
espaço liso cinzento
pegajoso
que escorre nos brônquios
inunda teus pulmões
chuva caindo
corpo caído
vida que cai sobre ti
como caem os raios
como saem as saias
como acabam os Maios
como as nuvens
a ferrugem
e o medo
que as pessoas têm
de nunca mais voltar
a ser amadas
tudo acaba
tudo seca
tudo passa
tudo tudo é tempestade
rio que corre nas grotas
rio que brota Janeiros
rios de suor e febre
farsas tépidas
do trepidar das rochas
e um terremoto
nas carnes loucas
das tuas pernas
penas no ar
vindouros Dezembros
com palavras vertidas
em jarros de alabastro
tuas lágrimas navegam
a lagoa
e vão pelo canal
até o mar de Ipanema

PAR - PT

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