quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Gilgamesh e Enkidu

Gilgamesh chora a morte de Enkidu

Na Suméria, o Ciclo de Gilgamesh é composto por vários poemas, contendo narrativas diferentes. É provável que o poema tenha sido constituído e recitado oralmente muito tempo antes de registros escritos. Os babilônios reuniram esses poemas e, entrelaçando suas histórias, compuseram a Epopéia de Gilgamesh. Esta, narra os feitos do famoso rei  Gilgamesh, cujo nome consta como o quinto monarca da primeira dinastia pós-diluviana de Uruk, tendo reinado por 126 anos. Sua existência foi comprovada arqueologicamente: um homem, um rei, chamado Gilgamesh, viveu e reinou em Uruk, em alguma época da primeira metade do terceiro milênio a.C.  O herói é descrito como dois terços deus e um terço homem, pois sua  mãe era uma deusa. Dela, Gilgamesh herdou grande beleza, força e inquietude. De seu pai herdou a imortalidade. A tragédia do poema é o conflito entre os desejos do deus e o destino do homem. O primeiro episódio descreve como os deuses arranjam-lhe  um companheiro que é o seu oposto. Trata-se de Enkidu, o “homem natural” criado entre os animais selvagens  e rápido como uma gazela. Enkidu é seduzido por uma meretriz e a perda da inocência representa um passo irreversível para a domesticação de seu espírito selvagem. Gradualmente, ele se deixa civilizar até chegar à grande cidade de Uruk. A partir de então, ele só torna a pensar em sua antiga vida de liberdade quando está morrendo, dominado por um sentimento de dor e arrependimento. Essa história é também uma alegoria dos estágios por meio dos quais  o homem atinge a civilização,  partindo da selvageria, passando pelo pastoreio, até finalmente chegar à vida urbana. A grande amizade entre Gilgamesh e Enkidu, que tem início com uma luta corpo a corpo em Uruk, é o elo que liga todos os episódios da história. É Enkidu quem traz notícias sobre a misteriosa floresta de cedros e seu terrível sentinela. Esse é o tema do segundo episódio: dois heróis partem em busca da montanha e dos cedros, mas terão o desafio de enfrentar o gigante Humbaba, guardião da floresta. A jornada na floresta e a batalha daí resultante podem ser lidas em diferentes planos da realidade. A floresta é real, algumas vezes identificada com o norte da Síria ou sudoeste da Pérsia. Mas é também onde localizam-se poderes sobrenaturais e estranhas aventuras. É ainda a obscura floresta da alma.

2 comentários:

Marcos Burian (Buriol) disse...

Este tipo de história é tão mais interessante que a "história" que nos ensinam em salas de aula...

Jack vestida de loba e uivando...ou balindo? disse...

E como são mais interessantes! Esta eu não conhecia!

Santa Poesia