sexta-feira, 6 de agosto de 2010

06.08.2010


O canto das aves nocturnas
Pedras preciosas no colo da madrugada
Brilhos obscuros de magenta
Beleza rara, inocente e vaidosa.
 
Em versos de poesia
Ou longas frases de prosa
Limão e baunilha nos sonhos
Beleza inesperada da 
Explosão das orquídeas
Cintilações em ciano.
 
Tocata e fuga ao piano
Degredo de caravelas
Gemas claras e densas vibrações de amarelos.
Cabelos nas palmas das mãos
Flautas e violoncelos em corrida desarvorada
Galho de árvore comprida.
Silêncio no ventre da noite
E o rastro de estrela cadente 
Na folha forja-se em verde.
Chicotes e lenços de linho.
 
A vida vista assim deste lado
Sobre este arco da ponte
É como uma enorme dentadura alaranjada
Estás a precisar ir ao dentista…
Lembras-te, então, observador…
 
Pontadas na nuca e olheiras de abano
Essas dormências nos dedos dos pés roxos
A vida vista assim…
Parece longínqua…
Parece parada…
A vida vista assim…
Muitas vezes parece invisível.
 
Dois escaravelhos mortos
Uma guitarra sem cordas
Nenhuma janela, mas muitas cortinas…
 
Dois corpos incompletos
Uma gaiola sem pássaros
Nenhum deserto, mas demasiadas areias…
Duas veias cortadas, uma boca sem a outra
Muitas nozes nenhuns dentes
Dois cortes profundos e uma lamina sem fio
Demasiados suores, mas nem um calafrio.

PAR - Trofa - PT

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Santa Poesia