segunda-feira, 26 de julho de 2010

26.07.2010

























Se os lábios forem vermelhos,
Se as mãos são tão brancas, 
Nas minhas mãos.
Na vila onde eu fui criado
Não havia nenhuma árvore
De nozes… porque eu ansiava
Por mim mesmo de vez em quando. 

Na vila onde eu fui criado
Não havia nenhum campo de trigo
Na vila onde eu fui criado
Do norte o vento deixava
Meus lábios rachados.
Recordo uns namorados que tive?
Pergunto-me como eles eram. 
Eu sonhei que mudaram um bocado,
Os mesmos de sempre.

Agora são um nome nos livros,
Sobrenomes entre parênteses.
Seus anos de nascimento e de morte
No fundo da página,
Ou talvez seja de quando foram editados. 
Uma lista de nomes nos livros. 
Como pássaros na agonia
Da morte dentro de minha mão. 
Nos parênteses, um traço. 
Tudo que era está lá. 
Suas esperanças, seus medos,
Seus chás, suas alegrias. 
Tudo que era está lá. 
Agora permanecem dentro…
Como prisioneiros destes livros.
Nesses traços, eles ainda assim vivem! 
Não se pode voltar atrás. 
Pode-se matar pessoas, apenas.

Os amigos morreram
Sem minha permissão. 
Eu cumprimento os poetas
Traduzidos recentemente
Em nossa língua.
Eu devo apreciar este Inverno
De derretimento por mim. 
Há pássaros escuros que
Guerreiam no comedor. 
Toda esta neve brilhante
Circunda em drenos a rua,
Rios de corações partidos…

PAR - Trofa - PT

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Santa Poesia