domingo, 25 de julho de 2010

Manual de Perder-se



No desencanto do universo,
As ventoinhas giram sozinhas...
Nos tectos das repartições públicas

Em que certamente  aninhas.

Eu esperei em todos os postes

Sem um sorriso e sem um gesto,
E morri todas as infinitas mortes
Guardando sempre o mesmo resto.

Quando as folhas te respiraram

Meus olhos, entre os cloros e as filas,
Ficaram cegos, como os das estátuas,
A tudo quanto nas ruas desfila.

Minhas mãos abriram-se para o ar

E acenaram contra o vento,
E perderam a dor que continham
E a lembrança do movimento.

Escrevo um poema profano
Para mostrar aos deuses ímpios,
Que este poeta canibal
Alimentou-se do corpo fulano.


PAR - Trofa - PT

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Santa Poesia