domingo, 10 de outubro de 2010

10.10.2010





















enquanto não adormecia
fiz um mapa dos sons
que calam embaixo da cama
e pelas cidades:
platibandas e buganvílias
de Tegucigalpa
metralhadoras e aranhas
de Telavive
autoclismos e ornitorrincos
em Mogadiscio
florestas e automóveis
de Ouagadougou
Pombos e traineiras
de Ulan Bator
baleias e electrodomésticos
em Phnom Penh
girafas e tambores
no Maputo
cangurus e livros
de Antananarivo
camelos e pirâmides
de Banguecoque
abelhas e tractores
em Kuala Lumpur
cabras e submarinos
em Dar es Salaam
romãs e helicópteros
em Paramaribo
hipopótamos e castanholas
de Reiquiavique
corôas e crocodilos
em Islamabad
macacos e panelas
em Lisboa
caixões e gaivotas
de Catmandu
batatas e bonecas
em Dili
corvos e guindastes
em Bandar Seri Begauão
rios de ondas sonoras
e ouvidos radares corpos
rádio receptor sem sono
sem cansaço sem comprimidos
a ouvir e sem dormir
comboio em movimento
Rio de Janeiro
Toquio
Nova Iorque
sem dormir
a ouvir
acordado
a ler o mapa dos sons
das cidades.

PAR - PT

3 comentários:

____ disse...

Ouvido aguçado o teu
De poeta, eu digo
Dos mais aturdidos, dos melhores ouvidos o mais safo

Bom mesmo, pensa quem vive acordado, é dormir.

Ficar sem sono é triste, eu sei.
Ler o que há por aqui é sempre bom!

Um abraço!

Jack vestida de loba e uivando...ou balindo? disse...

E a moça queria ir para o Ceilão...Já não tem o mesmo nome...Já nem é o mesmo lugar...Ela, rebelde enfrenta! Mesmo assim, vou! Ainda é Ceilão para mim!

Paulo Ramos disse...

é Lindo ler-me e ler-vos e ler-me em vós, adorei ver as minhas palavras espraiadas nas vossas, é lindo ler-vos no Ceilão e na Birmânia, ou ainda e sempre em casa, planeta terra e universo... abraços e beijos.

Santa Poesia