segunda-feira, 18 de outubro de 2010

A Pesca Enquanto Meio de Subsistência



Quando me apanhas assim
meio por cima
meio por baixo
nos lugares errados
tocas-me o corpo
como se fosse o teu
como se fosse teu
como se teu
fosse o corpo que tocas

Quando me tocas assim
meio com medo
meio apressado
amedrontado de não
ser inteiro
inconformado de só
ser metade

Colas-te a mim
como fossemos unos
como fosse oportuno
como um sonho molhado
como um sono abalado
por tempestade hedionda
por calmaria redonda
por todos os lados
por todo o lodo
do fundo dos rios

Santidade e martírio
santaria e colírio
silenciosamente momentâneo
licenciosamente sucedâneo
letra após letra após letra
dor após riso após dor
solidão e depois sofreguidão
depois superação depois...

Pentear os cabelos
alimentar os peixes
alimentar os gatos
e sair depois voltar
para garantir que a porta
está mesmo fechada

Quando me deixas assim
meio gaivota
meio capacho
sobre ti e sob os pés 
quente e húmido como o fumo
das chaminés
como o ar a passar nas frestas
das janelas

Assim sem predicados
totalmente pretérito imperfeito
totalmente imperfeito
totalmente

PAR - PT

2 comentários:

Marcos Burian (Buriol) disse...

Dizem que o amor tem destas tempestades né. Mas, como diria o Sargento Getúlio, "dizem, nunca vi."

Onde estarei eu?

Paulo Ramos disse...

Estamos sempre todos do outro lado da porta à espera que batam e peçam para entrar...

PAR

Santa Poesia